Ventura “esticou-se” ao falar sobre JS e Pedro Nuno?

6

Miguel A. Lopes / EPA

André Ventura (Chega).

André Ventura (Chega)

As caras bonitas e feias, gente morta, os pedidos do filho do presidente e um Governo cata-vento que tenta sobreviver.

O líder do Chega, André Ventura, comparou neste domingo o Governo a um cata-vento que vira “para onde sobreviver politicamente” e acusou-o de não querer verdadeiramente negociar o próximo Orçamento do Estado.

“O Governo é um cata-vento neste momento, é para onde sobreviver politicamente. Isto mostra que não tem a responsabilidade e a necessidade de competência que nós precisávamos para o tempo que se avizinha”, disse André Ventura aos jornalistas em São Pedro do Sul, antes do almoço-comício de encerramento da quarta edição da Academia Política de Verão.

André Ventura referiu que, por um lado, o Governo “anda um dia a dizer que quer governar à direita” e pede o apoio do Chega em matérias como o IRS jovem e a habitação dos jovens.

Por outro, “no IRC, o Chega diz que vai dar esse apoio para começarmos a construir uma alternativa orçamental e fiscal, mas depois Pedro Nuno Santos [PS] exige que se retire o IRC e o IRS Jovem e o Governo também está disponível para isso”, lamentou.

O presidente do Chega frisou que o Governo teve meses para preparar o Orçamento do Estado e apresentar uma alternativa política.

“Não é agora andarem a bater à porta dos partidos, a dizer: ‘afinal, importam-se de viabilizar o nosso orçamento?’”, considerou o deputado, acrescentando que “só o Governo quer essa instabilidade e só o Governo é responsável por ela”.

Na sua opinião, esta “situação de grande instabilidade tem um nome e um responsável, é Luís Montenegro, que permitiu chegar a este ponto”, sem dar estabilidade ao Parlamento.

Não dar ao Parlamento é não dar ao país nenhuma estabilidade. Hoje, muitos empresários, associações, famílias precisam de saber como é que vai ser o seu próximo ano e na verdade, ninguém sabe”, acrescentou.

Ainda que não esteja dentro da cabeça de Luís Montenegro, André Ventura disse “todas as atitudes parecem no sentido de estar a querer provocar” eleições antecipadas.

“Luís Montenegro todos os dias diz que quer mesmo negociar, mas depois não só não negoceia nada como espezinha os seus adversários, não vai às reuniões e diz ‘se quiserem derrubem-me’”, afirmou.

O presidente do Chega considerou que se trata de “uma obsessão”, com a qual “infelizmente o Presidente da República está a alinhar também ao proteger sistematicamente este discurso, que pode levar o país para o precipício de uma crise política”.

Segundo André Ventura, “o Presidente da República está permanentemente a fazer pressão sobre o Chega e sobre o PS, como que a dizer ‘viabilizem isto de qualquer maneira, porque o país não quer uma crise’”.

“O país não quer agora, não queria há dois anos, não queria há três. As crises são indesejáveis, mas o Presidente da República não é o líder do PSD, nem é o padrinho do Luís Montenegro, que eu saiba”, ironizou.

JS e Pedro Nuno

Estas declarações surgiram no dia de um encontro com a Juventude Chega – um pretexto que serviu para André Ventura provocar a Juventude Socialista.

“Vocês já viram que temos mesmo a juventude mais bonita de todos os partidos? Vocês já olharam para um comício da Juventude Socialista? É uma coisa assustadora. Alguns amigos meus, jornalistas, saem de lá e dizem assim ‘Nunca estive num sítio tão feio“.

E continuou, agora com sorrisos: “Olhem para estas mesas que aqui estão, vejam a nossa classe, no fundo. O nosso sorriso, a nossa energia”.

Antes de se “atirar” ao líder do PS: “E vejam, honestamente, aqueles comícios em que vai o Pedro Nuno Santos: está toda a gente assim, morta, assim a olhar… Ele tem aquela voz de flauta“, disse, enquanto se inclinava e arrastava a voz, a tentar imitar Pedro Nuno.

Pedidos de Nuno

André Ventura disse ainda que, se for necessário, o seu partido avançará com uma investigação parlamentar sobre a lista de pedidos formulados por Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República.

“Nós já temos esses elementos na nossa posse, estamos a avaliá-los também e, se necessário, avançaremos com uma investigação parlamentar”, afirmou.

Na opinião de Ventura, “cabe agora às autoridades e ao parlamento fazerem o apuramento sobre se estes pedidos ou cunhas” feitos pelo filho de Marcelo Rebelo de Sousa “tiveram o mesmo tratamento que o caso das gémeas, que acabaram por ter um tratamento de milhões irregularmente”.

“Em qualquer caso, dá a sensação aos portugueses que a cunha é o elemento mais institucional da nossa vida política e isso é muito negativo quando vem do próprio Presidente da República”, considerou.

O deputado frisou que o Chega só avançará para uma investigação parlamentar se for mesmo necessário, até porque o Presidente da República está no último ano de mandato.

“Nos próximos meses o cenário político vai-se clarificar também quanto a candidatos presidenciais. E eu penso que nós devemos ter também a ponderação necessária de perceber o momento político que estamos a viver e o momento já é muito instável em si próprio”, acrescentou.

No entanto, isso não significa que o Presidente da República possa estar acima da lei, esclareceu: “Estamos a avaliar e, se necessário, repito, se necessário, criaremos novas investigações parlamentares sobre a ação do Palácio de Belém em matéria de favores e de favorecimentos”.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

6 Comments

  1. Mas há alguém mais provocador e cata-vento que o próprio André Ventura??!! Não conheço.
    Como é possível tantos e tantos portugueses darem voz a esta pessoa. Incrédulo fico.

    7
    5
  2. «…Hoje, muitos empresários, associações, famílias precisam de saber como é que vai ser o seu próximo ano e na verdade, ninguém sabe…» – Com esta afirmação podem ver que o Orçamento de Estado (OE) não é feito com base no Interesse Nacional nem para servir o País e os Portugueses, mas sim para pegar no dinheiro destes últimos e dar a negócios/empresas privadas, associações, e “famílias”, o que leva a que se faça esta pergunta: mas isto faz algum sentido? Andam os Portugueses a pagar e a sustentar os negócios/empresas privadas dos outros, as associações, e as “famílias” dos outros, com a Classe-Média Portuguesa a pagar todo este chulanço.

  3. Desconfiada, também não suporto o Ventura (pelo que me contam familiares que aí vivem), mas nunca iria/poderia compará-lo com o Trump (que foi presidente). Estamos a referir duas pessoas MUITO DISTINTAS.
    E, que fique claro, vivo nos Estados Unidos desde 1995, e sou de Direita…
    Agradeço a sua atenção.

    3
    1
  4. Quem é maior catavento que André Ventura?
    Um dia diz uma coisa, no dia a seguir diz outra.
    Num dia é irrevogável a decisão de votar contra o Orçamento sem o conhecer. Logo a seguir diz estar disposto a negociar.
    Ele bem procura que o Governo faça acordos com ele. Só que Luís Montenegro acredita tanto nele como no maior mentiroso existente à face da Terra.
    Ao André Ventura o que lhe interessa é que falem dele e lhe deem palco.
    A última vitória do Chega do André Ventura foram as eleições europeias!!! Em 21 deputados portugueses no Parlamento Europeu, o Chega do André Ventura elegeu dois. Ia ser o partido mais votado em Portugal! Só que o Povo não o entendeu ou está a entendê-lo?

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.