Venezuelanos pedem a Portugal medicamentos, roupas e suplementos alimentares

Raul Martinez / EPA

Clarines, uma localidade venezuelana do Estado de Anzoátegui, onde reside uma importante comunidade luso-venezuelana, pediu a ajuda de Portugal.

O pedido foi feito pela presidente do município Manuel Ezequiel Bruzual, Francisca Rojas, durante um encontro com o deputado socialista português, Paulo Porto, no âmbito de uma visita de cinco dias do político português à Venezuela.

“Pedi-lhe que levasse o nosso clamor sobre a crise na Venezuela. Temos crianças desnutridas e idosos que não têm comida, que não têm medicamentos. Também o de muitas pessoas nos nossos hospitais, incluindo pacientes com cancror, pacientes renais e diabéticos que não têm medicamentos”, disse à agência Lusa.

Francisca Rojas explicou ainda que fez o pedido porque os portugueses “têm demonstrado uma grande afeição” pela Venezuela e pelo seu povo e porque a imprensa venezuelana “está sequestrada, não dá as informações verdadeiras”.

“É imenso o êxodo de venezuelanos para outros países da América Latina, fala-se em mais de quatro milhões de venezuelanos. Aqui, neste município (Manuel Ezequiel Bruzual, Clarines), semanalmente, dizemos adeus a 150 pessoas que partem para tentar enviar recursos para manter as suas famílias, porque os salários são inferiores a três dólares e um quilograma de farinha de milho (usada para preparar a ‘arepa’ do pequeno almoço) custa mais de um dólar”, explicou.

A autarca precisou que “um professor não ganha o suficiente para comprar um quilograma de carne” e “um licenciado, que fez seis anos de ensino básico, cinco do ensino médio e cinco anos na faculdade, não ganha nem o equivalente a quatro ou cinco dólares”.

“A situação é bastante crítica e muitas empresas fecharam. É difícil trabalhar na agricultura devido ao (alto) custo dos materiais, porque não há sementes, nem fertilizantes, inseticidas ou pesticidas para controlar a colheita”, relatou.

Francisca Rojas frisou ainda que “muitos países falam de ajudar” os venezuelanos e “a Comunidade Europeia acaba de reconhecer a (gravidade da) situação na Venezuela”.

“Pedimos ao deputado que transmita a nossa mensagem, porque no passado, quando os seus compatriotas chegaram, o nosso país esteve aberto a dar-lhes todo o apoio, mas hoje somos nós, os venezuelanos que estamos imersos numa grave crise de serviços públicos, de água, eletricidade, e muitas outras carências”, sublinhou.

Segundo Francisca Rojas, os hospitais venezuelanos “não têm nada” e para fazer uma cesariana, as pessoas “têm que comprar até as luvas que os médicos vão usar”. “Não estamos a pedir que nos enviem dinheiro, mas sim suprimentos médicos, roupas para criança e suplementos alimentares, que muito agradeceremos”, disse.

Frisou ainda que “as crianças são muito magras e isso é desnutrição”.

“Foi por isso que fiz esse pedido, porque conheço a generosidade do povo de Portugal. O país (Venezuela) está num descalabro total, basta ir aos bairros onde a desnutrição é grande, tanto em crianças, como nas pessoas da terceira idade”, concluiu.

// Lusa

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