Veículos usados exportados para países em desenvolvimento potenciam poluição do ar, diz estudo

Milhões de veículos usados ​​exportados dos Estados Unidos (EUA), da Europa e do Japão para países em desenvolvimento são de baixa qualidade e estão a contribuir significativamente para a poluição do ar, revelou um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo noticiou na terça-feira o Guardian, cerca de 80% dos 14 milhões de veículos leves usados ​​que foram exportados entre 2015 e 2018 destinaram-se a países de baixa e média receita. Desses, cerca de 40% foram enviados para a África, apurou o relatório, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep).

A União Europeia (UE) é o maior exportador de veículos usados, enviando 7,5 milhões, principalmente para o norte e oeste da África. Mas a idade e a baixa qualidade dos veículos estão a condicionar os esforços para mitigar a crise climática, referiu o relatório.

Globalmente, o setor dos transportes é responsável por quase um quarto das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à energia. Especificamente, as emissões dos veículos são uma fonte significativa de partículas finas e óxidos de nitrogénio, as principais causas da poluição urbana.

O relatório constatou que dois terços dos 146 países analisados tinham políticas “fracas” ou “muito fracas” para regular a importação de veículos usados. Atualmente, não existem acordos regionais ou globais sobre o comércio desses automóveis. Um total de 100 países não têm padrões para regular as emissões de gases dos veículos.

A Nigéria, que tinha políticas regulatórias “muito fracas”, de acordo com o relatório, importou 238.760 veículos em 2018, representando 16% do total das importações. Em 2016, a cidade de Onitsha, no sul do país, foi eleita a cidade mais poluída do mundo.

“Os países desenvolvidos devem parar de exportar veículos reprovados nas inspeções ambientais e de segurança e que não estão mais em condições de circular nos seus próprios países, enquanto os países importadores devem introduzir padrões de qualidade mais rígidos”, disse Inger Andersen, diretora executiva da Unep.

“Limpar a frota global de veículos é uma prioridade para atender às metas globais e locais de qualidade do ar e clima”, frisou.

Muitos países africanos estão a tomar medidas para combater o problema. Em fevereiro, 15 ministros da Energia da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental reuniram-se para adotar regras que farão a região mudar para combustíveis e veículos mais limpos. A idade máxima recomendada para carros usados ​​foi fixada em cinco anos.

Embora o Quénia tenha adotado regulamentações rígidas contra a poluição do ar em 2014, as autoridades dizem que as emissões de gases continuam a ser a principal causa da poluição atmosférica nas grandes cidades do país.

Mamo B Mamo, diretor da Autoridade Nacional de Gestão Ambiental do país, indicou que o problema é agravado pela importação de veículos usados. Apesar de “termos participado ativamente na eliminação dos combustíveis com chumbo e na limitação do teor de enxofre do combustível, o desafio que enfrentamos é a adulteração dos combustíveis e um sistema de transporte público mal conservado”.

“Embora precisemos expandir, melhorar e promover o sistema de transporte público, devemos também promover uma infraestrutura de transporte não motorizada, como ciclovias, e criar áreas sem carros nos nossos centros urbanos”, acrescentou.

Além da poluição atmosférica, o relatório demonstrou que os veículos usados ​​têm maior probabilidade de causar acidentes fatais ou ferimentos graves devido a falhas mecânicas e de segurança. A África tem as taxas de mortalidade rodoviária mais altas, registando mais de 240 mil mortes por ano nas estradas.

ZAP //

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