Neuralink

Noland Arbaugh, paciente que recebeu o implante da Neuralink
A vida de Noland mudou graças a um pequeno dispositivo instalado no seu cérebro. Comanda agora um computador o ajuda em várias várias tarefas.
“Se algo terrível acontecesse, eu sabia que eles iriam aprender com isso”. Foi este o espírito de Noland Arbaugh, norte-americano de 30 anos que vive paralisado há 8 anos depois de um acidente de mergulho. Foi o primeiro homem a receber um implante do chip da Neuralink que lhe mudou a vida.
A empresa de Elon Musk seguiu o exemplo de outras startups que também desenvolvem tecnologias deste tipo e criou uma interface cérebro-computador (ICC). O chip implantado através de uma cirurgia em Noland está ligado a um computador.
Através da captação de pequenos impulsos elétricos que se geram no cérebro quando pensamos em mover-nos, o computador obedece: concretiza o nosso pensamento.
Noland diz, no entanto, à BBC que a Neuralink é mais do que o seu proprietário e afirma que não o considera “um dispositivo de Elon Musk”. Na verdade, o dono da empresa foi quem lhe conferiu mais mediatismo, porque existem outras empresas com projetos semelhantes.
É o caso da Synchron, cujo dispositivo Stentrode garante ser mais fácil de instalar, com uma cirurgia menos invasiva. A tecnologia “deteta quando alguém está a pensar em bater ou não bater com o dedo”, diz o diretor de tecnologia Riki Bannerjee. “Ao ser capaz de captar essas diferenças, pode criar aquilo a que chamamos uma saída motora digital.”
Agora, Noland é capaz de mover um cursor no computador, apenas por pensar em movê-lo. Isso permite-lhe voltar a fazer o que gosta: jogar videojogos, por exemplo. “Voltei a ganhar aos meus amigos nos jogos, o que não devia ser possível, mas é”. Joga xadrez , interage com pessoas e, inclusive, pode ir de férias — virtualmente. Tudo graças à utilização do dispositivo com os auscultadores Vision Pro da Apple.
Um problema a ultrapassar é a questão da privacidade. “Se estamos a exportar a nossa atividade cerebralestamos a permitir o acesso não só ao que fazemos, mas também ao que pensamos, ao que acreditamos e ao que sentimos”, explica o neurocientista Anil Seth. “Quando se tem acesso às coisas dentro da nossa cabeça, não há mais nenhuma barreira à privacidade”.
Também houve já uma vez em que o um problema no dispositivo cortou o contacto com o computador. “Foi muito perturbador, para dizer o mínimo”, diz Noland. Mas, depois de um reparo, tudo foi restituído.
No entanto, tanto a empresa como o indivíduo em quem está a ser testado o dispositivo acreditam que, no futuro, esta tecnologia possa permitir ainda mais possibilidades.
“Sabemos tão pouco sobre o cérebro e isto está a permitir-nos aprender muito mais”, conclui Noland.