A organização Tor Project acusou a Universidade Carnegie Mellon (CMU) de ter recebido um milhão de dólares do FBI para atacar a rede de anonimato no ano passado. No entanto, a instituição de ensino nega qualquer irregularidade – ou quase.
Enquanto a universidade afirma que houve uma série de “reportagens incorretas” acerca da sua investigação sobre segurança cibernética, a CMU também esclarece que, ocasionalmente, recebe intimações para o trabalho dos seus investigadores e que é legalmente obrigada a entregar as suas informações e conclusões de forma gratuita.
“A universidade cumpre as regras legais, em conformidade com intimações regularmente emitidas, e não recebe nenhum financiamento para o seu cumprimento”, informou a instituição por meio de um comunicado.
No entanto, para Roger Dingledine, diretor do Tor Project, as coisas não são bem como a CMU descreve.
“As intimações não vêm com segredo de justiça. Se houvesse segredo de justiça, teria que ter havido uma ordem judicial. Intimações são como uma prescrição de receita que um médico tem no seu escritório. Basta digitar uma e imprimi-la”, disse.
O que se sabe é que a divisão da CMU supostamente responsável pelo ataque ao Tor é um centro de Investigação e Desenvolvimento financiado pelo governo federal – algo confirmado pela própria universidade no comunicado -, o que significa que, se o FBI não pagou diretamente ao projeto, o governo indiretamente o apoiou para ter as informações que desejava.
“O centro de investigação recebe todo o seu dinheiro do governo federal. Eles podem negar que foram pagos pelo FBI para fazer isso, mas os salários dos investigadores foram pagos com dinheiro federal”, sublinhou Chris Soghoian, engenheiro informático da União Americana pelas Liberdades Civis.