A União Europeia tem um plano para curar o vício dos adolescentes em smartphones

A União Europeia vai obrigar as grandes plataformas a deixar as autoridades fazer inspeções frequentes aos seus servidores para garantir que a segurança das crianças está a ser priorizada.

Num mundo onde os constantes beeps e zumbidos dos smartphones são demasiado familiares, especialmente entre crianças e adolescentes, os países estão a esforçar-se para mitigar os efeitos prejudiciais da exposição prolongada aos ecrãs.

Várias nações avançaram com leis neste sentido. A China, por exemplo, propõe restringir o tempo de ecrã para crianças com menos de oito anos a apenas 40 minutos diários. Já o estado norte-americano do Utah implementou um recolher obrigatório digital para os mais jovens e exige o consentimento parental para o acesso às redes sociais. A França está a colocar a responsabilidade nos fabricantes, instando-os a incorporar mecanismos de controlo parental nos dispositivos.

A União Europeia, em linha com estas ações, está a desenhar o seu Acto de Serviços Digitais (DSA). A partir deste mês, o regulamento exigirá que as grandes plataformas como o TikTok, Facebook e YouTube permitam que a Comissão Europeia inspecione os seus sistemas, garantindo que priorizam a segurança infantil. As empresas que não aderirem a estas novas diretrizes enfrentam uma multa substancial que pode chegar a até 6% das suas receitas anuais globais.

As plataformas também já lançaram várias ferramentas, como controlos parentais. Com o novo DSA, as principais empresas com uma base significativa de utilizadores nos 27 terão de passar por avaliações rigorosas anualmente, especialmente em relação ao seu impacto nos menores e na saúde mental, explica o Politico.

Já vários estudos descobriram uma correlação entre o uso destas tecnologias e problemas de saúde mental para os jovens. Uma pesquisa conduzida por Luca Braghieri, na Universidade Bocconi em Itália, mostrou que a introdução do Facebook nas universidades nos Estados Unidos estava associada a um declínio no bem-estar mental dos estudantes.

Mas há quem questione estes dados. “Na década de 1940, havia preocupações sobre o vício em rádio e as crianças. Na década de 1960, era o vício em televisão. Agora temos o vício do telemóvel. A pergunta é: agora é diferente? E se sim, como?”, questiona Amy Orben, da Unidade de Cognição e Ciências do Cérebro da Universidade de Cambridge.

Há também uma “desconexão real” entre a crença e as provas de que o uso das redes sociais social é prejudicial, considera Orben, que elogia as novas regras da UE por permitirem que os investigadores tenham acesso a dados geralmente enterrados nos servidores das empresas.

Adriana Peixoto, ZAP //

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