UNESCO declara “Bonecos de Estremoz” como Património Cultural Imaterial

imanente / Flickr

Bonecos de Estremoz

A UNESCO classificou, esta quinta-feira, como Património Cultural Imaterial da Humanidade a produção dos “Bonecos de Estremoz”, em barro, uma arte popular com mais de três séculos.

A classificação da “Produção de Figurado em Barro de Estremoz”, vulgarmente conhecida como “Bonecos de Estremoz”, foi decidida na 12.ª Reunião do Comité Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que decorre na Ilha Jeju, na Coreia do Sul, até sábado.

A decisão, que ocorreu pelas 01h05 (hora de Lisboa), foi bastante celebrada pela comitiva portuguesa que durante os festejos exibiu exemplares de “Bonecos de Estremoz”.

Na área de Património Cultural e Imaterial da Humanidade estavam a concorrer inicialmente 49 candidaturas, das quais 35 foram aprovadas, tendo no final recolhido parecer negativo 11.

Os bonecos pertencem a uma arte de caráter popular, com mais de 300 anos de história, tendo sido o primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade, na sequência da candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Estremoz, no distrito de Évora.

A candidatura teve como responsável técnico o diretor do Museu Municipal de Estremoz, Hugo Guerreiro.

“Correu tudo como estávamos à espera, sem comentários dos participantes na reunião, foi tudo aprovado de forma rápida. Estamos muito contentes, abrimos também a porta ao resto do figurado no mundo para que, de facto, seja valorizado pelas suas comunidades e pelos seus países”, disse.

Hugo Guerreiro recordou que esta vitória resulta de um trabalho “muito árduo” nos últimos cinco anos. “Estou muito contente pelos artesãos, recordo muito a minha família, o meu antigo diretor do Museu Municipal de Estremoz, Joaquim Vermelho, um grande amante do boneco de Estremoz e que me passou esta paixão. É um momento para recordar para o resto da vida”, acrescentou.

Com mais de uma centena de figuras diferentes inventariadas, a arte, a que se dedicam vários artesãos do concelho, consiste na modelação de uma figura em barro cozido, policromado e efetuada manualmente, segundo uma técnica com origem pelo menos no século XVII.

Em Estremoz, trabalham atualmente nesta arte emblemática Afonso e Matilde Ginja, Célia Freitas, Duarte Catela, Fátima Estróia, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge da Conceição, Miguel Gomes, Perpétua Sousa e Ricardo Fonseca.

Emocionada com a distinção, a artesã Perpétua Sousa, que produz “Bonecos de Estremoz” há 43 anos, homenageou todos aqueles que já trabalharam em redor da “Produção de Figurado em Barro de Estremoz”.

“Esta é uma homenagem também para quem nos ensinou a trabalhar, Sabina Santos. A partir de agora temos uma responsabilidade acrescida e acreditamos que a procura de interessados em comprar estas figuras vai aumentar”, disse.

À agência Lusa, o presidente do município de Estremoz, Luís Mourinha, disse estar muito feliz. “No fundo é um momento grande da história de Estremoz em termos da sua classificação, das suas gentes, porque o figurado de barro representa tudo o que é o trabalho, tudo o que é a dificuldade dos alentejanos e dos estremocenses em particular”.

De acordo com o autarca, a UNESCO valorizou os “Bonecos de Estremoz” pela “visão do artista, do artesão sobre a sua envolvência”.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.