Uma estrela está a fugir a sete pés da nossa galáxia. Foi uma explosão que a assustou

Amanda Smith / Instituto de Astronomia

Impressão de artista de uma estrela fugitiva.

Nunca uma estrela viajou tão rápido como a J0927. Foi expulsa da Via Láctea por uma supernova — e não foge sozinha.

A estrela J0927 foi vista a tentar escapar da Via Láctea a velocidades impressionantes, no que parece ser uma missão de fuga de uma explosão de outra estrela.

O astro terá atingido velocidades superiores a oito milhões de quilómetros por hora, o equivalente a 2285 quilómetros por segundo.

Nem o Speedy Gonzales ganharia a corrida — partindo do Porto, a J0927 demoraria 0,14 segundos a chegar a Lisboa.

Segundo a pesquisa liderada por um astrofísico de Harvard, Kareem El Badry e publicada no arXiv, a J0927 não será a única especial de corrida. A estrela J1235 também quis ir embora a velocidades recordistas, por sua vez, a seis milhões de quilómetros por hora — mais especificamente, 1694 quilómetros por segundo.

Estas duas estrelas estão oficialmente a mover-se mais depressa do que qualquer outra estrela alguma vez vista.

De um total de seis estrelas fugitivas identificadas pelos investigadores, quatro terão sido expulsas como resultado de uma supernova.

Estes quatro restantes astros são estrelas hipervelozes que foram, de acordo com os investigadores, aceleradas por uma supernova tipo Ia, que ocorrem em sistemas estelares binários onde uma das estrelas é uma anã branca. As quatro estrelas estão a viajar tão depressa que têm a velocidade necessária para escapar à gravidade da nossa galáxia.

“Por serem mais rápidas do que a velocidade de fuga da galáxia, [estas estrelas] serão lançadas em breve para o espaço intergalático”, disse, ao Space, El Badry.

Quando uma estrela explode, a força da detonação pode projetar aquilo que resta para o espaço a grandes velocidades. No caso deste tipo especial de supernova, essa projeção é ainda maior — conhecida como dupla detonação degenerada dinamicamente conduzida, ou supernova D6, segundo o Science Alert.

A explosão também terá provocado temperaturas altamente quentes nos astros, algo que surpreendeu a equipa de El Badry.

“Elas são muito mais quentes do que estrelas normais — provavelmente um resultado do seu histórico pouco usual de formação, que envolve uma supernova a explodir mesmo ao seu lado!”, explicou.

Esta descoberta permitiu um novo cálculo da velocidade de nascimento destas estrelas.

Os investigadores alertam para o facto de haverem ainda muitas estrelas fugitivas por encontrar na nossa galáxia — possivelmente mais rápidas do que as que foram agora descobertas.

Tomás Guimarães, ZAP //

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