Uma bomba nuclear foi largada na costa dos EUA há 65 anos. Continua desaparecida

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US Air Force / Wikipedia

Bombardeiro Boeing B-47 Stratojet da Força Aérea dos EUA em 1954

Em 1958, dois aviões da Força Aérea dos Estados Unidos colidiram no ar, e um deles levava uma bomba nuclear — que largou no oceano. Mais de seis décadas depois, todas as buscas para a encontrar falharam.

O arrepiante incidente remonta a 1958: uma bomba nuclear foi acidentalmente largada ao largo da costa da Ilha Tybee, na Geórgia, após a colisão de duas aeronaves da Força Aérea em pleno ar.

Após mais de seis décadas, apesar das inúmeras buscas realizadas, a bomba permanece por descobrir, provavelmente soterrada 13 a 55 metros no solo do Atlântico.

A colisão aérea, recorda o Insider, envolveu um bombardeiro estratégico B-47 Stratojet, que transportava uma bomba termonuclear Mark 15, e um caça F-86 Sabre.

Na sequência da colisão, o Major Howard Richardson, piloto do B-47 Stratojet, decidiu largar a bomba nuclear, quando o bombardeiro se encontrava a uma altitude de cerca de 2.200 metros, para garantir que conseguia fazer aterrar a sua aeronave danificada em segurança.

Embora na altura as tripulações das duas aeronaves não tenham registado nenhuma explosão após o lançamento da bomba, Richardson questionou mais tarde se esta poderia ter passado despercebida.

Os relatos históricos diferem sobre se a bomba continha a cápsula de plutónio necessária para uma detonação nuclear. Na altura, a Força Aérea doa EUA mantinham os seus B-47 armados com bombas nucleares e “em prontidão”, para o caso de haver um ataque buclear de surpresa.

Apesar de os registos do incidente terem então sugerido que a bomba não teria a cápsula, numa carta de 1966 desclassificada em 1994, Jack Howard, então Secretário Adjunto de Defesa dos EUA, refere-se à bomba de Tybee como uma “arma nuclear completa”.

US Atomic Energy Commission / Wikipedia

Bomba termonuclear Mark 15 semelhante à que foi perdida ao largo da costa da Georgia

Em 2000, Derek Duke, oficial reformado da Força Aérea, questionou o então representante da Georgia no Congresso norte americano, Jack Kingston, acerca do incidente e da carta de Howard, reacendendo o interesse pela bomba desaparecida.

Apesar das inúmeras buscas realizadas nestas seis décadas, nem todos concordam com a ideia de continuar à procura da arma nuclear desaparecida.

Em primeiro lugar, notam alguns analistas, as operações de busca e recuperação da bomba teriam sempre um custo superior a 5 milhões de dólares — com uma baixa probabilidade de a localizar.

Mas, mais importante, os riscos associados à possibilidade de desencadear uma explosão durante a recuperação são considerados demasiado elevados — pelo que muitos especialistas acreditam que é mais seguro deixar a bomba ficar sossegada, onde quer que se encontre.

 

O incidente ao largo da Ilha Tybee é um dos 32 eventos “broken arrow” registados desde 1950. Na terminologia militar norte americana, esta designação refere-se a um evento que envolve armas nucleares, ogivas ou componentes destas armas que não representam um risco de guerra nuclear.

Até agora, as inúmeras medidas de segurança implementadas no manuseamento de armas nucleares foram conseguindo impedir detonações acidentais de alguma destas armas.

Mas os especialistas militares (e António Guterres) advertem que um fator em particular desempenhou até agora um papel essencial na prevenção de desastres nucleares: a sorte.

Armando Batista, ZAP //

3 Comments

  1. Os relatos históricos diferem sobre se a bomba continha a cápsula de plutónio necessária para uma detonação nuclear. Na altura, a Força Aérea doa EUA mantinham os seus B-47 armados com bombas nucleares e “em prontidão”, para o caso de haver um ataque buclear de surpresa.

    Corrigir buclear para nuclear.

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