Um fotógrafo ensinou ratinhos a tirar selfies. Nunca mais pararam

Augustin Lignier

Se dermos uma câmara fotográfica a um par de ratos, aparentemente eles tiram selfies. Sem parar.

Numa experiência inédita, o fotógrafo francês e estudioso amador do comportamento humano Augustin Lignier ensinou roedores a tirar selfies.

A experiência, conta o The New York Times, revelou um paralelismo intrigante com o comportamento humano nas redes sociais: os ratos começaram a tirar selfies compulsivamente.

Lignier, inspirado pela sua curiosidade acerca da prevalência dos autorretratos online, adaptou as famosas experiências de condicionamento de B.F. Skinner, famoso cientista comportamental da década de 1930 que concebeu uma câmara de testes para estudar ratos.

Na sua experiência, o fotógrafo francês construiu uma torre transparente semelhante à “Caixa de Skinner“, equipada com uma câmara, onde hamsters de uma loja de animais foram treinados para pressionar um botão e tirar uma fotografia a si próprios, recebendo como recompensa um pouco de açúcar.

Na fase inicial da experiência, os ratos foram condicionados a associar a pressão do botão e a captura da sua imagem à recompensa açucarada. As fotografias eram mostradas num ecrã — embora Lignier duvide que os ratos a compreendessem.

Os dois ratos, batizados por Lignier de Augustin e Arthur, mostraram um entusiasmo significativo ao pressionar o botão.

Contudo, à medida que a experiência progredia, a distribuição das recompensas de açúcar tornou-se imprevisível — um método usado neste tipo de experiências pavlovianas para manter o envolvimento dos sujeitos na expectativa da próxima recompensa.

Apesar da irregularidade crescente das recompensas, os ratos — particularmente Augustin, o mais astuto — continuaram a pressionar o botão. Curiosamente, os dois ratos acabaram por muitas vezes ignorar o açúcar, concentrando-se unicamente na ação de pressionar a alavanca.

Este comportamento tem um notável paralelo com a interação dos humanos nas redes sociais, onde recompensas intermitentes, sob a forma de ‘gostos‘, partilhas ou ou comentários, mantêm os utilizadores fidelizados.

Ainda que não seja claro se os dois ratos entendiam o conceito de selfie, o seu comportamento dá-nos uma visão fascinante sobre a mecânica do condicionamento baseado em recompensas, num reflexo da natureza viciante dos meios digitais e sociais nos humanos.

Mas para Lignier, o paralelo é óbvio. “As redes sociais usam o mesmo conceito para manter a atenção dos utilizadores durante o maior tempo possível”. São, afinal, uma espécie de “Caixa de Skinner para humanos”, diz o fotógrafo.

Armando Batista, ZAP //

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