Um estudo publicado recentemente mostra que 35% dos trabalhadores pretendem mudar de emprego no próximo ano. A Comissão Europeia vai propor uma meta de ter 78% da população da União Europeia (UE) empregada até 2030.
De acordo com um estudo conduzido pela Kaspersky, 35% dos trabalhadores pensam em mudar de emprego nos próximos 12 meses. Os motivos referidos para essa vontade de mudar de carreira incluem receber um salário mais elevado (49%) e manter um equilíbrio justo entre o trabalho e a vida pessoal (41%), escreve o Jornal Económico.
O confinamento e o trabalho à distância são apontados como o gatilho para esta decisão, uma vez que têm mais tempo para refletir sobre as suas carreiras futuras.
A pandemia revelou os benefícios de passar mais tempo em casa com a família, bem como de perseguir interesses e passatempos pessoais. E, agora, os trabalhadores podem querer continuar a beneficiar destas oportunidades, lê-se no comunicado divulgado pela Kaspersky esta quarta-feira.
O estudo mostra ainda que, depois do salário e do conforto pessoal, procurar um emprego que valha a pena e que seja ainda mais significativo é a terceira razão mais apontada pelos inquiridos (35%).
“Ao repensar os seus desejos e capacidades, as pessoas irão criar uma nova realidade de trabalho. Tanto ao mudar de emprego, como ao manterem-se nas funções atuais, as pessoas vão esforçar-se por manter os benefícios do trabalho remoto e em ambientes mais confortáveis”, disse Sergey Martsynkyan, da Kaspersky.
“Mas, para conseguir isso, os funcionários precisam de ter a atitude adequada, aprender a ser flexíveis e a trabalhar de maneira mais inteligente”, acrescenta o responsável.
Bruxelas quer 78% da população empregada até 2030
A Comissão Europeia vai propor uma meta de ter 78% da população da União Europeia (UE) empregada até 2030, um reforço face ao objetivo de 75% anterior à crise gerada pela pandemia de covid-19, foi esta quarta-feira anunciado.
O anúncio foi feito pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que um dia antes da apresentação oficial do plano de ação para implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, e participando num evento partidário, revelou a meta incluída no documento de ter “pelo menos 78% da população adulta empregada” até 2030 na UE.
Participando numa conferência virtual sobre Emprego promovida pelo Partido Popular Europeu, a responsável vincou que a proposta que será apresentada esta quinta-feira contém “objetivos ambiciosos em matéria de empregos e competências”, que são também “metas claras e mensuráveis”.
No que toca à taxa de empregabilidade, está então em causa um reforço face à meta anterior de ter 75% da população adulta da UE a trabalhar.
“E isto [a meta de 78%] é possível se aumentarmos a participação das mulheres na força laboral e, para isso, precisamos de boas escolas e de bons cuidados infantis, o que é crucial também para a próxima geração”, adiantou Ursula von der Leyen.
Juntamente com o plano de ação relativo ao Pilar Social, o executivo comunitário vai também apresentar na quinta-feira uma recomendação sobre o apoio ativo e eficaz ao emprego dada a crise gerada pela covid-19.
De acordo com dados do gabinete estatístico comunitário, o Eurostat, até 2019 registou-se um “aumento persistente da taxa de emprego a nível da UE”.
Em concreto, nesse ano antes da pandemia, “a taxa de emprego das pessoas entre os 20 e os 64 anos na UE-27 atingiu 73,1%”, tendo sido esta a “taxa mais elevada registada desde 2008”, ano que serviu de referência inicial para a estratégia Europa 2020 por ter sido anterior à última crise financeira.
Em 2019, a UE-27 estava assim a 1,9 pontos percentuais por ano do seu objetivo de 75% de emprego.
Em Portugal, ainda de acordo com o Eurostat, este objetivo foi superado em 2019 com uma taxa de emprego de 76,1% (a sétima maior da UE), que compara com uma percentagem de 73,1% em 2008.
Durante a sua participação de hoje na conferência promovida pelo Partido Popular Europeu (a sua família política), Ursula von der Leyen revelou ainda que o plano de ação para implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais prevê ainda uma meta de ter, também até 2030, “pelo menos 60% de todos os adultos a participar em requalificação e requalificação todos os anos”.
O objetivo é que “o maior número possível de trabalhadores receba a formação de que necessitam para prosperar num ambiente de trabalho em evolução”, concluiu a líder do executivo comunitário.
Após a apresentação da proposta de plano de ação para implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, na quinta-feira, caberá à presidência portuguesa conduzir o debate e negociar um compromisso entre os 27 que permita fechar um acordo em maio.
Uma das grandes prioridades da presidência portuguesa da UE, neste primeiro semestre, é a agenda social, estando prevista a aprovação deste plano de ação para implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais na cimeira social agendada para 7 e 8 de maio, no Porto.
Sofia Teixeira Santos, ZAP // Lusa