Um tumor cerebral raro causou o crescimento de dentes no cérebro de um rapaz de quatro meses nos Estados Unidos, um caso inédito revelado esta quinta-feira num relatório do New England Journal of Medicine.
Após ter sido removido o tumor, o bebé, que tem um “inédito craniofaringioma”, ficou bem de saúde e os médicos afirmam que este caso lança luz sobre a forma como estes tipos de tumores raros se desenvolvem, refere a publicação Live Science, que cita o relatório.
Os médicos começaram a suspeitar que algo podia estar errado com o menor quando notaram que a sua cabeça parecia estar a crescer mais rapidamente do que é normal para alguém daquela faixa etária.
“A varredura do cérebro revelou um tumor que contém estruturas que pareciam muito semelhantes aos dentes normalmente encontrados no maxilar inferior. A criança passou por uma cirurgia no cérebro para remover o tumor, durante a qual os médicos constataram que o tumor continha vários dentes totalmente formados, de acordo com o relatório”, refere a Live Science, uma publicação online especializada.
Novas pistas
O neurocirurgião Narlin Beaty, da Universidade de Maryland Medical Center, que realizou a cirurgia juntamente com o seu colega do Centro de Johns Hopkins Children, Edward Ahn, disse à Live Science que os investigadores sempre suspeitaram que estes tumores se formam a partir das mesmas células encontradas no desenvolvimento de dentes, mas, até agora, os médicos nunca tinham visto dentes reais nestes tumores.
“Não é todos os dias que se vêem dentes em algum tipo de tumor no cérebro. É um craniofaringioma, é inédito”, resumiu Narlin Beaty, assinalando que o caso do bebé de quatro meses fornece mais provas de que, de fato, o craniofaringioma se desenvolve a partir de células que formam os dentes.
De acordo com o Instituto do Cancro do Estado norte-americano de Maryland, estes tumores são diagnosticados mais frequentemente em crianças com idades entre cinco e 14 anos, mas são raros os casos em crianças menores de dois anos.
Dentes em outros tumores
Narlin Beaty lembrou que anteriormente foram encontrados dentes em cérebros, especialmente em tumores conhecidos como teratoma, uma massa tumoral formada por uma grande diversidade de células e tecidos estranhos à região onde estão localizados.
No caso do bebé de Maryland, o tumor destruiu as conexões normais no cérebro que permitem que certas hormonas possam ser libertadas, pelo que o menor vai precisar de receber tratamentos hormonais para o resto da vida para substituir essas hormonas, disse o neurocirurgião.
Os dentes foram enviados para um patologista para um estudo mais aprofundado, como acontece normalmente com este tipo de amostras de tecido, guardadas durante anos para investigação.
/Lusa