A primeira-ministra britânica está a ser criticada por estar a voltar atrás nas medidas prometidas no manifesto eleitoral dos Conservadores de 2019.
No meio de uma semana muito atribulada devido à queda livre da libra e à reversão do corte de impostos aos mais ricos que tinha proposto no seu mini-orçamento, Liz Truss já está envolta numa nova polémica.
A primeira-ministra britânica está agora sob fogo devido às suas políticas ambientais — ou à falta delas — depois de uma notícia no The Sunday Times ter dado conta de que o rei Carlos III não vai participar na cimeira ambiental COP27 sob a recomendação de Truss.
Na terça-feira, Truss afirmou que a decisão cabe ao monarca e que não vai revelar o conteúdo das suas discussões com Carlos III, dizendo que são “inteiramente confidenciais“, cita a BBC.
Como resposta, o Egipto, que é o país anfitrião da cimeira que vai decorrer em Novembro, deixou um apelo ao Reino Unido para que não volte atrás nas suas promessas de chegar às zero emissões líquidas de carbono até 2050 e lamentou a ausência do rei, já que a sua presença “daria um valor acrescido à visibilidade da acção climática neste momento crítico”.
“Esperamos que isto não seja um indício de que o Reino Unido está a retroceder na sua agenda global climática depois de ter presidido à Cop26”, afirma a organização egípcia, lembrando que o Reino Unido recebeu a última cimeira em Glasgow, na Escócia, em 2021.
Entretanto, a chefe do Governo anunciou que vai marcar presença na cimeira — mas isso não chegou para acalmar a oposição dos activistas. Durante a intervenção de Trussna conferência dos Conservadores, membros da Greenpeace levantaram-se da audiência e mostraram faixas com a frase: “Quem votou nisto?“.
Os membros do partido arrancaram a faixa às manifestantes e apuparam-nas, tendo a segurança depois escoltado as activistas para fora do evento.
Num comunicado depois do protesto, a Greenpeace acusa os membros do Governo de terem violado pelo menos sete dos compromissos ambientais assumidos no manifesto eleitoral do partido Conservador em 2019.
“Ainda menos de um mês no seu mandato, Truss já está a rasgar as promessas que deram a vitória ao seu partido”, escreveram as activistas Rebecca Newsom e Ami McCarthy num artigo para o The Guardian.
As representantes da Greenpeace lembram que os britânicos votaram a favor de “uma resposta forte no clima, uma moratória à exploração de combustíveis fósseis, protecções ambientais inovadoras no mundo e acções contra a pobreza e a desigualdade”.
“O que estão a receber em vez disso é promessa quebrada atrás de promessa quebrada. Isto faz-nos questionar se o Governo de Truss responde ao público ou aos gestores de fundos da bolsa, grupos de debate de direita ou gigantes dos combustíveis fósseis”, escrevem.
As activistas lembram que já mais de 100 grandes empresas escreveram à primeira-ministra a apelar ao cumprimento dos compromissos ambientais e que já anteriores membros do Governo e do partido Conservador pediram aos responsáveis políticos que não voltem atrás na medida referente aos subsídios para a agricultura.
“Não é tarde demais para este Governo mudar de direcção – muitas das suas propostas ainda não foram promulgadas. E com o Ministro das Finanças a dizer que o Governo está a ouvir, tem agora a oportunidade perfeita de se responder às principais empresas, especialistas em energia, ex-ministros conservadores e até mesmo ao presidente dos EUA, e mudar de rumo”, rematam.