Tribunal alemão rejeita pedido para remoção de uma escultura antissemita de igreja

Um tribunal alemão rejeitou esta semana um caso no qual se pedia que fosse retirada da parede de uma igreja da cidade de Wittenberg – associada a Martinho Lutero, uma das figuras mais importantes da Reforma Protestante -, uma antiga escultura antissemita.

Amplamente conhecida como “Judensau” (porca dos judeus), a escultura de baixo-relevo, que remonta ao século 13, inscrita na igreja de Wittenberg mostra um rabino a analisar o rabo de uma porca, enquanto outras figuras bebem o seu leite. O simbolismo é que os judeus obtêm o seu sustento através de um animal impuro, noticiou o Raw Story.

Os magistrados consideraram que a imagem “não prejudica a reputação dos judeus”, estando “inserida” num contexto mais amplo, indicou o juiz Volker Buchloh, citado pela emissora local MDR.

Depois da decisão do tribunal, o pastor da igreja local, Johannes Block, decidiu apelar da decisão. Segundo indicou ao Sueddeutsche Zeitung, a imagem era um ataque “repulsivo e de mau gosto” aos judeus, que o enchia “de vergonha e de dor”.

“Não pedimos essa escultura, mas estamos a tentar lidar com essa herança difícil de maneira responsável”, acrescentou, contando que está a trabalhar com o Conselho Judaico Central da Alemanha para poder atualizar o memorial.

De acordo com o Raw Story, muitas igrejas da Idade Média tinham esculturas semelhantes, cujo objetivo era transmitir a mensagem de que os judeus não eram bem-vindos nas suas comunidades. É o caso da conhecida catedral de Colónia.

A questão é que a escultura em Wittenberg está ligada a Martinho Lutero, um antissemita que ali pregou dois séculos depois. Foi em Wittenberg que Lutero, em 1517, divulgou as suas 95 teses, levando a uma separação com a Igreja Católica Romana e ao nascimento da Reforma Protestante.

O teólogo argumentou que os cristãos não podiam comprar ou conquistar a entrada no céu. Na sua tese, os cristãos só entravam no céu pela graça de Deus, teoria que marcou uma viragem no pensamento cristão.

Mas Lutero esteve também ligado à história mais sombria da Alemanha, já que os seus sermões e textos eram marcados pelo antissemitismo – algo que os nazis usariam mais tarde para justificar a sua perseguição brutal aos judeus.

ZAP //

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