Uma dupla de astrónomos avistou recentemente três novos aglomerados globulares na protuberância da Via Láctea, uma estrutura central com 10 mil anos de luz, que provavelmente surgiu graças a antigas estrelas, gás e poeira.
Os aglomerados globulares são grupos que podem ser compostos por milhões de estrelas, gravitacionalmente vinculados dentro de uma única estrutura a aproximadamente 100 ou 200 anos-luz de comprimento.
Estes aglomerados estão entre os objetos mais antigos que conhecemos no Universo. Além disso, são relíquias das primeiras épocas da formação da galáxia.
“Como relíquias da formação estelar no Universo, os aglomerados globulares podem fornecer importantes indícios sobre a história da Via Láctea”, afirmou o investigador Denilso Camargo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil, que trabalhou em conjunto com o investigador Dante Minniti, da Universidade de Andres Bello, no Chile.
Num artigo científico publicado no dia 21 deste mês na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: Letters, os astrónomos explicam que, “na visão atual, as protuberâncias são classificadas em protuberâncias e pseudo-protuberâncias ou protuberâncias em forma de disco“.
“Acredita-se que as protuberâncias clássicas emergem de eventos violentos como fusões de galáxias ou diminuição de aglomerados gigantes de gás. Além disso, hospedam uma população estelar mais velha dentro de uma estrutura esférica como galáxias elípticas”, afirmam os cientistas.
Já as pseudo-protuberâncias podem surgir em períodos mais longos por meio de processos internos como as instabilidades do disco e a evolução secular, adianta o portal SCI News.
“Como os aglomerados globulares testemunharam basicamente toda a história da nossa galáxia, eles podem ajudar-nos a reconstituir a cadeia de processos físicos presenciados pela Via Láctea desde a sua origem até aos dias de hoje”, sustentam.
Os novos aglomerados globulares receberam os nomes de Camargo 1107, 1108 e 1109 e estão localizados a uma distância aproximada de 10.800 a 14.000 anos-luz do Sol. De acordo com os astrónomos, os aglomerados são antigos e extremamente pobres em “metal” (elemento mais pesado do que o hélio), com uma idade de aproximadamente 12 ou 13,5 mil milhões de anos.
Os Camargo 1107, 1108 e 1109 “podem ser o remanescente de uma classe primordial de aglomerados globulares que foram destruídos principalmente por processos dinâmicos e são a fonte das antigas estrelas que habitam a protuberância da Via Láctea e o halo interior”, disseram os astrónomos. .
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