Através da estimulação de certos neurónios, uma equipa de cientistas conseguiu transformar cobaias animais menos resilientes em ratos que procuravam ativamente o prazer, numa investigação que sugere um possível novo caminho para o tratamento da depressão.
Enquanto algumas pessoas recuperam dos seus traumas e são novamente felizes, há outras que permanecem presas em ciclos depressivos.
Investigadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, decidiram analisar esta diferença entre indivíduos com um foco especial na forma como o cérebro molda estas respostas contrastantes, com o objetivo de desenvolver tratamentos para pessoas que lutam com sintomas persistentes relacionados com o stress.
Segundo o SciTechDaily, os especialistas descobriram que o stress altera a atividade em circuitos cerebrais específicos em ratos. Por sua vez, são estas mudanças as responsáveis por diferenciar os animais que recuperam do stress daqueles que não conseguem.
Ao estimular certos neurónios nas cobaias menos resilientes para aumentar a sua atividade, os cientistas observaram uma mudança importante: os ratos pararam de se concentrar em experiências negativas e começaram a procurar prazer, como beber água com açúcar.
“Ver que conseguimos recuperar estes sinais cerebrais sugere que fazer o mesmo em humanos pode agir como um antidepressivo”, explicou o investigador Mazen Kheirbek. “Há um interesse considerável em descobrir como podemos traduzir as nossas descobertas para uma abordagem que funcione em pessoas. Se conseguirmos fazê-lo, teremos uma nova forma não invasiva de tratar a depressão.”
Durante a sua investigação, os investigadores analisaram uma região do cérebro, chamada amígdala, que ajuda a avaliar o quão arriscado pode ser procurar uma recompensa.
Num primeiro momento, observaram a atividade cerebral enquanto os ratos descansavam e concluíram que o stress havia alterado a atividade na amígdala dos animais menos resilientes, muito mais do que nos resilientes.
Quando deram aos ratos uma escolha entre água pura e água com açúcar, os animais resilientes escolheram facilmente a água com açúcar, mas os menos resilientes ficaram obcecados e optaram continuamente pela água pura.
As gravações cerebrais dos ratos que escolheram a água doce mostraram que a amígdala estava a comunicar com uma região cerebral próxima chamada hipocampo. No outro grupo, essa comunicação falhou.
O artigo científico foi publicado na Nature.