O polémico apresentador norte-americano Alex Jones, fundador do ‘website’ Infowars, declarou falência pessoal após perder um processo por difamação das famílias das vítimas do massacre escolar de Sandy Hook, que alegou ser uma encenação.
A figura da extrema-direita norte-americana, que já tinha em julho declarado falência da sua empresa Free Speech Systems, enviou um pedido nesse sentido a um tribunal de falências localizado no Texas, após ter sido condenado a pagar cerca de 1,5 mil milhões de dólares por teorias de conspiração que espalhou sobre o massacre na escola de Sandy Hook.
Jones e outros colaboradores da sua empresa afirmam há anos que a tragédia, que matou 20 crianças e seis funcionários da escola, foi encenada.
Na declaração de falência, apresentada a um tribunal do Texas, o locutor estima o valor dos seus ativos entre um milhão e dez milhões de dólares (entre 950 mil euros e 9,5 milhões de euros), enquanto as suas dívidas estariam entre mil milhões e 10 mil milhões de dólares, informa a CNN.
O animador de rádio de extrema-direita Alex Jones foi em outubro condenado a pagar 965 milhões de dólares de indemnizações às vítimas do maior massacre escolar dos Estados Unidos, que alegou ser uma farsa.
Se o tribunal aprovar, o procedimento congelará os seus bens e impedirá a apreensão dos mesmos.
Chris Mattei, um dos advogados das famílias de Sandy Hook, criticou hoje o pedido de falência. “Como qualquer outro movimento covarde que Alex Jones fez, esta falência não funcionará”, disse Mattei em comunicado.
“O sistema de falências não protege ninguém que se envolva em ataques intencionais e flagrantes a outros, como fez Jones. O sistema judicial americano responsabilizará Alex Jones e nunca pararemos de trabalhar para fazer cumprir o veredicto do júri”, acrescentou.
Em 2012, um jovem armado com uma arma semiautomática matou 20 crianças e seis adultos na Escola Sandy Hook em Newton, Connecticut.
Alex Jones tinha, contra todas as evidências, afirmado no seu ‘site’ Infowars que o massacre foi apenas uma encenação liderada por opositores de armas de fogo e que os pais enlutados eram “atores”.
Em tribunal, familiares das vítimas testemunharam que foram ameaçados e assediados durante anos por pessoas que acreditaram nas mentiras contadas no programa de Jones.
Um pai testemunhou que os teóricos da conspiração urinaram no túmulo do seu filho de sete anos e ameaçaram desenterrar o caixão.
Em 2019, um tribunal do Wisconsin tinha já condenado James Fetzer, professor universitário reformado, a indemnizar em 450 mil dólares o pai de uma das crianças que morreu no tiroteio de Sandy Hook — também por afirmar, num livro, que o massacre nunca ocorreu.
Em 2013, a escola cujo massacre fez Obama chorar foi demolida.
ZAP // Lusa