A “tentativa de homicídio” que não foi. O então príncipe Carlos até sorriu depois dos tiros. David Kang tornou-se… advogado.
O Rei Carlos III foi notícia nesta sexta-feira porque foi hospitalizado.
Nada muito grave: foi operado à próstata, tal como já tinha sido anunciado, e a intervenção correu bem. Deverá ter alta em breve.
Provavelmente alguns britânicos menos jovens terão reparado na data desta intervenção: 26 de Janeiro de 2024.
É que no dia 26 de Janeiro de 1994, o Rei Carlos III – na altura Príncipe Carlos – foi também notícia em todo o mundo. Mas por outros motivos.
Há 30 anos, Carlos estava na Austrália, durante uma digressão real. Ia começar um discurso em Sydney quando foram disparados dois tiros. Mesmo à sua beira.
Instalou-se a confusão, a preocupação, ouviram-se alguns gritos, apareceram inúmeros seguranças e polícias no palco em dois segundos.
Mas, como habitualmente, Carlos quase nem reagiu; apenas virou a cabeça para olhar para o homem que tinha a pistola (que chegou a estar apenas um ou dois metros), ajeitou o casaco quando o se ouviu o primeiro tiro, e só se afastou um pouco no segundo tiro porque um guarda-costas colocou-se à sua frente e foi contra o monarca.
Seria uma tentativa de homicídio? Não. As balas eram de borracha.
Quem disparou foi David Kang, um estudante de 23 anos que queria chamar a atenção para a situação de 100 pessoas naturais do Cambodja que queriam asilo na Austrália, mas estavam presos em barcos ao largo da costa de Sydney enquanto a burocracia se prolongava.
O jovem não queria matar o príncipe. Foi condenado a 500 horas de serviço comunitário por ter feito uma ameaça ilegal de violência.
Anos mais tarde, soube-se que David Kang voltou aos tribunais. Muitas vezes: é advogado.
Na memória fica a reacção de Carlos: tranquilo, imperturbável. Como sempre. Aos 45 anos como aos 75 actuais.
Aliás, como dá para reparar no vídeo acima da ABC News, o monarca inglês até sorriu logo a seguir. E fica inclusive a sensação de que queria ir ter com o jovem David Kang.