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Estamos todos a tirar mal as férias

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Voltar das férias pode ser como levar um soco emocional. Talvez esteja a fazer uma pausa do trabalho de forma errada.

Tirar férias do trabalho tem um antes, um agora e um depois, todos muito diferentes.

A antecipação deixa-nos felizes. Pensar nas férias. Ansiar por elas. “Só mais uma semaninha e vou não fazer nada”; depois as férias chegam e estamos como queríamos; e depois… acabam, e ficamos presos a um sentimento de “ressaca”, deprimidos e mais cansados que antes.

Mas afinal porque é que muitas vezes, as férias, que deviam ser reparadoras em todos os sentidos, nos chutam de volta ao trabalho com uma vontade de voltar? Os psicólogos têm uma resposta: não sabemos tirar férias.

Três coisas que estamos a fazer mal

Então, o que torna uma férias verdadeiramente reparadoras? Embora os investigadores ainda não tenham identificado uma fórmula perfeita, estudos oferecem pistas importantes sobre como estruturar uma pausa do trabalho que realmente funcione, explica a psicóloga, socióloga e perita em comportamentos económicos, Rebekka Grun, no Psychology Today.

Tirar férias não é afastar-se (só) fisicamente

Uma das conclusões mais consistentes das investigações sobre férias é a importância de desligar o psicológico do trabalho.

Afastar-se fisicamente não chega — é essencial desligar-se mentalmente. Isto significa resistir ao impulso de verificar e-mails, de responder a mensagens ou de rever e mencionar situações stressantes do trabalho durante as férias.

No entanto, nem todos os pensamentos relacionados com o trabalho são prejudiciais. Reflexões positivas — como lembrar um projeto de que se orgulha ou reconhecer as suas competências — podem até ajudar.

Descansar não é (só) não fazer nada

Outro ingrediente importante para férias de qualidade é a combinação entre relaxamento e experiências envolventes ou novas.

Embora repor o descanso e o sono seja fundamental, férias que incluem atividades novas e envolventes — como aprender algo novo ou explorar lugares desconhecidos — tendem a trazer benefícios mais duradouros.

Estas atividades mais ativas podem gerar um sentimento de realização e renovar a mente de formas que o lazer puramente passivo (como ver televisão durante horas ou passar dias deitado na praia) não consegue proporcionar. O equilíbrio certo entre repouso e envolvimento parece ser mais eficaz do que o descanso isolado.

Qualidade vale mais que a quantidade

Ao contrário do que muitos pensam, férias mais longas nem sempre são melhores.

Estudos mostram-nos que os benefícios psicológicos das férias muitas vezes atingem o pico durante o próprio período de descanso e desaparecem duas a quatro semanas após o regresso, lembra a psicóloga.

O stress e o cansaço podem voltar rapidamente se o ambiente de trabalho continuar a ser exigente e descontrolado.

O que mais importa não é a duração, mas sim a forma como o tempo é aproveitado.

Uma pausa curta bem planeada pode ser mais restauradora do que umas férias longas mas mal organizadas. Na verdade, pausas mais curtas e frequentes ao longo do ano podem ser mais eficazes para manter o bem-estar do que uma única escapadela prolongada.

ZAP //

2 Comments

  1. O maior problema não é saber tirar férias ou não e a tal ressaca. O problema é estar a trabalhar numa área que não se gosta, com colegas detestáveis e patrões ainda piores. E estarmos num país onde o estado deixa tudo acontecer, nomeadamente não ter escolas onde as pessoas possam desenvolver aptidões e gostos e depois seguir uma profissão que dê tudo ao próprio, empregador e estado através dos impostos. Está tudo errado e ninguém liga nenhuma porque o status quo serve a uma minoria que não presta.

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