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Videojogo “The Sims 3” usado para estudar como é que psicopatas atacam as suas vítimas

Um novo estudo baseou-se no videojogo “The Sims 3” para estudar a forma como os psicopatas escolhem e atacam as suas vítimas.

“The Sims” é uma série de videojogos de simulação de vida real, cuja primeira versão foi lançado em 2000 e que já vai na sua quarta edição. Uma equipa de investigadores recorreu ao videojogo para estudar como quem tem traços de personalidade psicopáticos interage com as restantes pessoas.

Os resultados do estudo, publicados na revista Evolutionary Psychological Science, sugerem os psicopatas veem a ausência de agressão como um indicador de fraqueza.

“Os meus colegas e eu estávamos interessados em seguir alguns trabalhos anteriores sobre a hipótese de psicopatia Cheater-Hawk”, disse a autora do estudo, Beth Visser, professora da Lakehead University.

Os defensores desta teoria argumentam que a psicopatia está relacionada com duas estratégias interpessoais potencialmente adaptativas: batota e agressão.

“Teorizamos que as pessoas com traços psicopáticos geralmente evitariam outros indivíduos agressivos, mas veriam pessoas ansiosas e gentis como sendo mais facilmente exploradas. Usando um videojogo Sims, poderíamos colocar as nossas hipóteses à prova sem magoar ninguém”, explicou Visser, citada pelo PsyPost.

Para o estudo, os 205 jovens participantes jogaram com quatro personagens previamente criadas: um ‘batoteiro’ (enganador, sorrateiro, charmoso), um ‘falcão’ (agressivo, rude, mesquinho), uma ‘pomba’ (submisso, nervoso, tímido) e um ‘cooperador’ (simpático, confiante, cooperativo).

Durante o seu tempo de jogo, os participantes puderam interagir com todas estas personagens. Além disso, completaram uma avaliação de traços psicopáticos.

Os investigadores descobriram que os participantes com pontuação mais alta na medida de traços psicopáticos tendiam a envolver-se em comportamentos mais negativos do tipo ‘falcão’, como insultar outras personagens e dar início a brigas. Paralelamente, tendiam a ter comportamentos mais negativos em relação às personagens ‘batoteiros’ e ‘pombas’.

No entanto, os participantes com altos traços psicopáticos não mostraram os comportamentos charmosos e enganosos previstos pela hipótese Cheater-Hawk.

“Uma limitação deste estudo, e uma possível explicação para a falta de comportamentos de batoteiro, foi a falta de qualquer incentivo para o fazer”, disseram os autores. “Novos estudos podem incorporar um jogo ou prémio que pode gerar táticas de batota”.

Visser realça ainda que os comportamentos demonstrados no videojogo não se transpõem obrigatoriamente para a vida real.

“Gosto de dizer às pessoas que, se você for alvo de uma pessoa exploradora, manipuladora e insensível, a culpa não é sua. Não tente mudar as suas boas qualidades, mas, em vez disso, tenha cuidado com aqueles que parecem esforçar-se demasiado para o encantar, manipular, enganar ou assustar”, disse Visser.

Daniel Costa, ZAP //

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