Teia de ilusões: aranhas usam pirilampos para atrair mais presas

Xinhua Fu

Aranha (Araneus ventricosus) a envolver um pirilampo macho (Abscondita terminalis), exibindo uma intermitência visível das suas lanternas

Uma equipa de cientistas descobriu que a aranha cruzada manipula os sinais intermitentes dos pirilampos machos presos na sua teia, de forma a imitarem os flashes típicos de um pirilampo fêmea, atraindo assim outros machos para servirem de próxima refeição.

Os pirilampos utilizam sinais intermitentes para comunicar com outros pirilampos, utilizando lanternas emissoras de luz no seu abdómen.

Num novo estudo, publicado esta segunda-feira na Current Biology, os investigadores realizaram experiências de campo que lhes permitiram observar tanto o comportamento das aranhas como os sinais dos pirilampos.

Segundo o Phys.org, a equipa capturou pirilampos machos com redes e colocou-os nas teias de aranha (Araneus ventricosus) com pinças finas. Através da utilização de câmaras de vídeo, os investigadores observaram o que acontecia nas teias em diferentes cenários.

Quando um pirilampo macho era apanhado na teia, a aranha começava por enrolar o pirilampo e depois mordia-o no tórax, injetando uma pequena quantidade de veneno.

A análise revelou também que a teia da aranha capturava mais frequentemente machos quando a aranha estava presente do que quando ela estava ausente da teia. Além disso, a aranha alterou o sinal do pirilampo através de um procedimento especializado de manuseamento da presa.

“Ao detetar os sinais bioluminescentes dos pirilampos machos enredados, a aranha utiliza um procedimento especializado de manipulação da presa que envolve ataques repetidos de mordidelas”, explica o autor principal do estudo, Daiqin Li.

Esta manipulação faz com que os pirilampos machos presos emitam sinais falsos que atraem mais machos para a teia, transformando efetivamente a captura inicial em isco para futuras presas.

Os investigadores acreditam que ainda podem existir muitos mais exemplos não descritos na natureza, nos quais os predadores podem utilizar o mimetismo para manipular o comportamento das suas presas, com base em sinais de comunicação que podem incluir som, feromonas ou outros meios.

Estas descobertas demonstram a diversidade de truques inteligentes e, por vezes, arrepiantes que muitos animais usam habitualmente uns contra os outros para sobreviver.

Os autores do estudo salientam que são necessárias investigações mais aprofundadas de modo a determinar se o veneno da aranha ou a própria picada provocam alterações no padrão de piscar dos machos enredados.

Soraia Ferreira, ZAP //

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