Se conhece pessoas estranhamente semelhantes aos seus próprios animais de estimação, não está a alucinar: é mesmo verdade — e vários estudos já o provaram.
Não só as pessoas e os seus animais de estimação se parecem e agem de forma semelhante, mas essas semelhanças entre as suas personalidades também se vão aprofundando ao longo do tempo, explica a National Geographic.
Num estudo publicado em 2015 na Anthrozoös, os participantes foram capazes de ligar os donos aos seus cães apenas olhando para os olhos de cada um.
Outro estudo publicado no mesmo ano na mesma revista descobriu que as mulheres tinham frequentemente cabelo com um comprimento semelhante ao das orelhas dos seus cães.
Agora, um estudo que reúne uma análise a 15 outros estudos mostra que não apenas os animais são fisicamente parecidos com os seus donos, como também as suas personalidades se assemelham.
O estudo fornece ainda diferentes teorias para explicar o porquê desta situação ocorrer com frequência.
Uma dessas teorias sugere que os donos podem, em primeiro lugar, sentir-se mais atraídos por cães que são como eles, e à medida que envelhecem juntos, as duas espécies podem regular as emoções um do outro, reforçar o comportamento um do outro ou mesmo aprender juntos.
“Assemelha-se à forma como nós também procuramos os nossos parceiros”, afirma à National Geographic a líder do estudo publicado na Personality and Individual Differences, Yana Bender, investigadora do Grupo DogStudies do Instituto Max Planck de Geoantropologia, na Alemanha.
Segundo a investigadora, os cães e os seus donos partilham “uma relação muito próxima… comparável a muitas relações humanas”.
Embora cerca de um terço da personalidade de um cão seja genética, outros dois terços são determinados pelo seu ambiente, que é em grande parte moldado pelo dono, se estiverem juntos desde a infância, explica também a investigadora da Faculdade de Ciências ELTE, na Hungria, Borbála Turcsán.
“É o mesmo que a ligação criança-mãe, mas os cães formam-na para os humanos. Esta é a base de todas as relações sociais entre cães e humanos”, explica a investigadora: os cães “confiam cegamente que os donos sabem mais” do que eles.
Dá um exemplo: “se vier um camião e fizer muito barulho, o cão olhará para o dono. Se o dono não se importar, o cão aprenderá a não se importar“, diz ela.
O estudo teve, ainda assim, algumas limitações, desde o facto de os cães estudados serem poucos e maioritariamente de raça pura, ao facto de avaliar a personalidade dos cães ser uma tarefa complicada e em parte feita apenas através dos donos, que privam mais com eles.
Ainda assim, é certo que os cães adotam comportamentos dos seus donos — e vice-versa. E parece que, fisicamente, condizemos bastante com os nossos animais de estimação. Para o bem ou para o mal.