Supremo Tribunal recusa recurso de George Pell. Cardeal continua a cumprir pena de prisão por abuso de menores

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Mazur / catholicchurch.org.uk

O cardeal George Pell

O Supremo Tribunal do estado australiano de Victoria decidiu recusar o recurso que foi interposto pelos advogados do cardeal australiano George Pell contra a sua condenação a seis anos de prisão por pedofilia.

De acordo com a CNN, os advogados do antigo número 3 do Vaticano tinham apresentado 13 obstáculos que diziam ser “sólidos” contra o veredito de culpado nas cinco acusações, mas o tribunal rejeitou essas alegações e considerou os testemunhos verdadeiros.

Porém, a decisão não foi unânime. O The Guardian conta que dois dos três juízes consideraram que as acusações contra Pell partiam de testemunhos verdadeiros, enquanto um juiz discordou e achou que o queixoso estava a tentar “embelezar” aspetos do seu testemunhos e que a possibilidade de ter inventado algo não podia ser exclusiva. No entanto, o tribunal teve de chegar a uma decisão comum.

Os advogados do arcebispo emérito de Melbourne e Sydney, de 77 anos, criticaram o veredicto do tribunal de primeira instância e uma das bases do recurso foi a alegação de que a decisão foi irracional, por se basear unicamente no testemunho de uma das vítimas.

Já o procurador do Ministério Público tinha considerado no segundo dia de análise do recurso apresentado pelo antigo número três do Vaticano que a condenação de Pell por pedofilia “é incontestável”.

Esta quarta-feira, o Vaticano reconheceu a decisão de um tribunal que manteve a condenação do cardeal George Pell a seis anos de prisão por pedofilia e reiterou o respeito pelo sistema judicial australiano. No comunicado, “a Santa Sé recorda que o cardeal sempre reiterou a sua inocência durante todo o processo judicial e que tem direito a recorrer ao Supremo Tribunal”.

Na nota do Vaticano também se afirma o “compromisso de atuar contra, através das competentes autoridades eclesiásticas, os membros do clero que cometerem tais abusos”.

George Pell, que em 2014 foi nomeado pelo Papa Francisco para conselheiro económico e ministro da Economia do Vaticano, foi condenado no ano passado a seis anos de prisão por cinco crimes de abuso sexual de dois menores, na altura com 13 anos, que pertenciam ao coro da catedral de St. Patrick, em Melbourne, em 1996 e 1997.

O tribunal, que apenas ouviu uma das vítimas, uma vez que a outra morreu há alguns anos, considerou provado que o cardeal forçou os rapazes a atos indecentes. O veredito foi dado pelo tribunal em dezembro e noticiado pela imprensa australiana, apesar das restrições impostas.

Depois de o tribunal anunciar a decisão de recusar o recurso interposto pelos advogados de Pell, uma das vítimas emitiu um comunicado onde contesta as acusações de que fez queixa às autoridades para benefício próprio.

“Nada pode estar mais longe da verdade”, começa por dizer, acrescentando: “Arrisquei a minha privacidade, a minha saúde, o meu bem-estar, a minha família. Não instruí nenhum advogado em relação a um pedido de indemnização. Isto não é sobre dinheiro e nunca foi. Embora a minha fé tenha sofrido um golpe, ainda faz parte da minha vida e faz parte da vida dos meus entes queridos”, acrescentou uma das vítimas, citada pelo The Guardian.

Desde agosto de 2017 que o cardeal australiano, a terceira figura do Vaticano, enfrenta um processo por supostos crimes sexuais contra menores. George Pell é o primeiro alto funcionário da cúria romana acusado em supostos crimes de pedofilia, mas sempre se declarou inocente das acusações.

Ainda em dezembro o papa afastou George Pell do seu círculo de conselheiros, assim como o cardeal Francisco Errázuriz, suspeito de encobrir atos pedófilos de um eclesiástico no Chile.

Os dois altos representantes da Igreja Católica integravam o Conselho de Cardeais, composto por nove conselheiros em representação de todos os continentes, também conhecido pela designação “C9″, e cuja missão é ajudar o Papa Francisco a reformar a administração do Vaticano.

A confirmação da condenação de Pell surgiu dias depois de ter terminado no Vaticano uma cimeira histórica organizada a pedido do papa Francisco para abordar a questão dos abusos sexuais por membros da igreja católica.

A cimeira, que juntou responsáveis de episcopados e institutos religiosos e na qual também se ouviram testemunhos de vítimas, terminou com a apresentação de oito passos para a luta contra esses abusos.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Os meus sinceros parabéns Supremo Tribunal Australiano por prender este gajo, só lamento que se fosse no meu País este estaria em liberdade, ou já teria fugido para o Brasil, ver o exemplo do padre Federico violou e matou.

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