Uma supernova não destruiu o Sistema Solar primitivo por um triz

NASA / JPL-Caltech / CXC / ESA / NRAO / J. Rho

Há cerca de 4,6 mil milhões de anos, o nosso Sol e os nossos planetas estavam a formar-se quando, não muito longe, uma supernova explodiu, ameaçando destruir o Sistema Solar. Felizmente, um filamento de gás molecular protegeu-o.

Foi por um triz que o Sistema Solar primitivo sobreviveu a um evento catastrófico que o poderia ter destruído por completo. Essa é a conclusão da mais recente investigação levada a cabo por investigadores do Observatório Astronómico Nacional do Japão.

De acordo com a equipa, liderada pela astrónoma Doris Arzoumanian, as pistas dessa antiga explosão residem nos meteoritos. Estas rochas primitivas datam das épocas mais antigas da história do Sistema Solar, um detalhe que faz delas verdadeiros tesouros de informação sobre a evolução planetária.

No artigo científico, publicado recentemente no Astrophysical Journal Letters, os investigadores detalham ter encontrado concentrações variáveis de um isótopo radioativo de alumínio – o alumínio-26 (26Al) – nas amostras de meteoritos.

Esta descoberta revela que, há cerca de 4,6 mil milhões de anos, uma quantidade significativa desta substância entrou na região que veio a tornar-se o Sistema Solar que conhecemos atualmente.

A explicação mais lógica para esta súbita abundância de alumínio radioativo é a explosão de uma supernova nas proximidades.

Contudo, para este acontecimento catastrófico ter libertado uma quantidade tão grande do isótopo, teria de ter acontecido muito perto. Tão perto que poderia ter destruído o Sistema Solar primitivo.

O que o salvou, deduziram os cientistas, foram os filamentos densos de gás responsáveis pela formação do Sol.

De acordo com o comunicado da equipa, nestes filamentos moleculares cilíndricos, vários filamentos se intersetam. As estrelas semelhantes ao nosso Sol formam-se ao longo destes filamentos, enquanto estrelas maiores se formam nos centros.

Após o início do processo de nascimento do nosso Sol, uma supernova terá explodido num centro de filamentos próximos. O evento foi muito trágico, mas o escudo protetor venceu a batalha: os cientistas sugerem que seriam necessários cerca de 300 000 anos para que a supernova da estrela vizinha rompesse o denso filamento de gás que protege o nosso Sistema Solar.

Os investigadores acreditam que as suas descobertas podem ajudar-nos a compreender melhor a formação e evolução inicial de sistemas estelares distantes, assim como do nosso.

Liliana Malainho, ZAP //

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