Sousa Real calçou as galochas vermelhas contra o aeroporto do Montijo (e ainda “sacudiu” Alegre, CAP e Cristina Rodrigues)

António Cotrim / Lusa

A porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês de Sousa Real, durante uma ação de campanha para as eleições legislativas de 30 de janeiro, na praia do Samouco, local de construção do novo aeroporto, Montijo

De galochas vermelhas e pronta para contestar o aeroporto do Montijo. Inês Sousa Real defendeu que a solução é um “contrassenso” e alertou que a zona estará “inundada” dentro de três décadas. No mesmo dia, deixou críticas a Manuel Alegre, à CAP e à deputada não inscrita Cristina Rodrigues.

Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, calçou umas vistosas galochas vermelhas para contestar a opção Montijo, um projeto que “vai meter água”.

Na Base Aérea n.º6 do Montijo, alertou que a zona estará “inundada” dentro de três décadas e que essa opção é uma “linha vermelha” para o partido.

“Quem traçou esta linha vermelha não foi apenas o PAN. São as próximas gerações e a ciência, são os estudos que de alguma forma nos vêm dizer que não é possível estar a construir aqui um aeroporto, porque é uma zona que vai ficar alagada. É um contrassenso estar a construir aqui o aeroporto”, disse, citada pelo Expresso.

Além disso, insistiu que existem três rotas de aves na região, o que coloca em causa a segurança aérea. Nesse sentido, defendeu, devem ser ponderadas e avaliadas todas as outras alternativas – incluindo Beja.

Na mesma ação de campanha, e quando confrontada com o artigo de opinião de Manuel Alegre, publicado no Público esta terça-feira, a dirigente do PAN considerou que o histórico socialista terá de se “atualizar”.

Alegre manifestou-se contra a possibilidade de o PS ficar na “dependência do PAN”, um “partido que subverte o primado da pessoa humana e os fundamentos humanistas da nossa sociedade”.

“Se tal acontecesse, votar PS seria como votar contra mim mesmo, contra o que gosto de fazer, como caçar e pescar, algo que faz parte de uma cultura de vida e de relação com a natureza. Não só para mim como para muitos milhares de pessoas que se reconhecem no PS. Creio que a cultura de liberdade do PS não o permitirá”, sustentou.

Na resposta, a líder do PAN disse que Manuel Alegre terá que se conformar com o “salto geracional” que existiu em “termos de sensibilidade para com todas as formas de vida e para com o planeta”.

As críticas estenderam-se também à Confederação de Agricultores Portugueses (CAP), que apelou à rejeição do voto no PS e em todos os partidos que possam coligar-se com o PAN.

“É estranho que a CAP ataque, precisamente, o único partido que tem defendido o mundo rural”, atirou a porta-voz do PAN, afirmando que esta corporação representa os interesses instalados de certos setores, como a tauromaquia, a que o partido se opõe.

Já em Almada – e com um calçado mais confortável –, Inês Sousa Real admitiu que quer eleger seis deputados, “no mínimo”. O círculo de Setúbal é uma das grandes apostas do PAN, depois de, há dois anos, Cristina Rodrigues ter sido eleita.

Rejeitando que o tema seja tabu, Sousa Real disse, citada pela Visão, que “o PAN tem tido o seu trabalho pelo território, junto das pessoas, e ninguém nos questiona sobre Cristina Rodrigues”.

As pessoas elegeram o PAN e não a Cristina Rodrigues. A nossa causa vai além daquilo que são os seus porta-vozes. E não, não sinto desconforto. Quem deve sentir desconforto é quem defraudou os eleitores, quem não devolveu o mandato ao PAN e prejudicou o partido – e, para mais, tem uma queixa-crime a correr”, atirou.

“Estamos completamente convictos de que vamos recuperar o nosso lugar”, rematou.

Liliana Malainho, ZAP //

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