De galochas vermelhas e pronta para contestar o aeroporto do Montijo. Inês Sousa Real defendeu que a solução é um “contrassenso” e alertou que a zona estará “inundada” dentro de três décadas. No mesmo dia, deixou críticas a Manuel Alegre, à CAP e à deputada não inscrita Cristina Rodrigues.
Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, calçou umas vistosas galochas vermelhas para contestar a opção Montijo, um projeto que “vai meter água”.
Na Base Aérea n.º6 do Montijo, alertou que a zona estará “inundada” dentro de três décadas e que essa opção é uma “linha vermelha” para o partido.
“Quem traçou esta linha vermelha não foi apenas o PAN. São as próximas gerações e a ciência, são os estudos que de alguma forma nos vêm dizer que não é possível estar a construir aqui um aeroporto, porque é uma zona que vai ficar alagada. É um contrassenso estar a construir aqui o aeroporto”, disse, citada pelo Expresso.
Além disso, insistiu que existem três rotas de aves na região, o que coloca em causa a segurança aérea. Nesse sentido, defendeu, devem ser ponderadas e avaliadas todas as outras alternativas – incluindo Beja.
Na mesma ação de campanha, e quando confrontada com o artigo de opinião de Manuel Alegre, publicado no Público esta terça-feira, a dirigente do PAN considerou que o histórico socialista terá de se “atualizar”.
Alegre manifestou-se contra a possibilidade de o PS ficar na “dependência do PAN”, um “partido que subverte o primado da pessoa humana e os fundamentos humanistas da nossa sociedade”.
“Se tal acontecesse, votar PS seria como votar contra mim mesmo, contra o que gosto de fazer, como caçar e pescar, algo que faz parte de uma cultura de vida e de relação com a natureza. Não só para mim como para muitos milhares de pessoas que se reconhecem no PS. Creio que a cultura de liberdade do PS não o permitirá”, sustentou.
Na resposta, a líder do PAN disse que Manuel Alegre terá que se conformar com o “salto geracional” que existiu em “termos de sensibilidade para com todas as formas de vida e para com o planeta”.
As críticas estenderam-se também à Confederação de Agricultores Portugueses (CAP), que apelou à rejeição do voto no PS e em todos os partidos que possam coligar-se com o PAN.
“É estranho que a CAP ataque, precisamente, o único partido que tem defendido o mundo rural”, atirou a porta-voz do PAN, afirmando que esta corporação representa os interesses instalados de certos setores, como a tauromaquia, a que o partido se opõe.
Já em Almada – e com um calçado mais confortável –, Inês Sousa Real admitiu que quer eleger seis deputados, “no mínimo”. O círculo de Setúbal é uma das grandes apostas do PAN, depois de, há dois anos, Cristina Rodrigues ter sido eleita.
Rejeitando que o tema seja tabu, Sousa Real disse, citada pela Visão, que “o PAN tem tido o seu trabalho pelo território, junto das pessoas, e ninguém nos questiona sobre Cristina Rodrigues”.
“As pessoas elegeram o PAN e não a Cristina Rodrigues. A nossa causa vai além daquilo que são os seus porta-vozes. E não, não sinto desconforto. Quem deve sentir desconforto é quem defraudou os eleitores, quem não devolveu o mandato ao PAN e prejudicou o partido – e, para mais, tem uma queixa-crime a correr”, atirou.
“Estamos completamente convictos de que vamos recuperar o nosso lugar”, rematou.