Sinfonia melódica dos recifes de corais saudáveis são uma chave para a conservação oceânica. Venha ouvir o assobio dos peixes-donzela e o ressonar da castanheta-das-rochas.
São como um toque de clarim. Quando saudáveis, os recifes de corais fazem questão de nos lembrar da sua biodiversidade próspera, como uma das mais diversas, antigas e significativas estruturas construídas por animais na Terra, com cerca de 800 espécies de corais duros.
Espinha dorsal dos ecossistemas que suportam 25% de toda a vida marinha, incluindo uma infinidade de organismos como algas, crustáceos e vários mamíferos marinhos, os recifes emitem diversos sons, desde o estalar dos camarões até às diversas vocalizações dos peixes.
Estas paisagens sonoras, produzidas pelos seus residentes, não são apenas ruído, mas uma rede de comunicação. Da caça ao acasalamento, são cruciais para a sobrevivência e propagação das comunidades de recifes.
Os sinais auditivos emitidos por um recife oferecem mais do que apenas uma sinfonia subaquática; fornecem pistas vitais para as larvas de corais e outros invertebrados, guiando-os para habitats adequados onde se podem instalar e prosperar.
A investigação revela que as larvas de coral, como as da espécie Porites astreoides, mostram uma preferência por áreas com paisagens sonoras dinâmicas, o que aumenta significativamente as suas taxas de fixação.
Esta dimensão sónica dos recifes de coral é também uma ferramenta fundamental para os cientistas avaliarem a saúde dos recifes, explica o Nautilus. Por exemplo, um estudo recente destacou o declínio dramático da diversidade acústica após os graves eventos de branqueamento de corais de 2016 na Grande Barreira de Corais.
Estes eventos, provocados pelas alterações climáticas e pelas ondas de calor marítimas, causam stress nos corais e perturbam as suas relações simbióticas com as microalgas, conduzindo a um estado de branqueamento e enfraquecimento. Isto não só diminui a integridade estrutural do recife, como também a sua pegada acústica, indicando uma perda da diversidade biológica que outrora aí prosperava.
As implicações da degradação dos recifes ultrapassam o ambiente marinho, afetando cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo, que dependem dos recifes para alimentação, proteção costeira, valores culturais e turismo.
Em resposta, os esforços de conservação estão a incorporar cada vez mais estratégias inovadoras, como o enriquecimento acústico, para restaurar a vitalidade dos recifes.
Uma experiência notável na Grande Barreira de Coral envolveu a instalação de altifalantes que reproduziam sons de recifes saudáveis para atrair e reter populações de peixes em áreas degradadas, revitalizando eficazmente estes ecossistemas.
Os sons dos recifes de coral são mais do que um mero ruído de fundo; são indicadores da saúde ecológica e agentes de recuperação.
Dado que estas comunidades subaquáticas enfrentam ameaças crescentes, a ciência do som pode abrir caminho não só para avaliar, mas também para aumentar a resiliência dos recifes de coral.