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Sódio pode explicar porque é que o asteróide Faetonte brilha como um cometa

(dr) NASA / JPL-Caltech / IPAC

Ilustração do asteróide Faetonte a ser aquecido pelo Sol

Modelos e testes de laboratório sugerem que o asteróide Faetonte pode estar a libertar vapor de sódio enquanto orbita perto do Sol, o que pode explicar o aumento do seu brilho.

À medida que um cometa avança pelo Sistema Solar interno, o Sol aquece-o, o que faz com que os gelos debaixo da superfície se vaporizem no Espaço. A libertação de vapor desaloja poeira e rocha, e o gás cria uma cauda brilhante que pode estender-se a milhões de quilómetros do núcleo, como um véu etéreo.

Enquanto os cometas contêm muitos gelos diferentes, os asteroides são principalmente rochas e não são conhecidos por produzir tais exibições majestosas. Mas, agora, um novo estudo mostra como é que o asteroide Faetonte, que fica próximo da Terra, pode exibir uma atividade semelhante à de um cometa, apesar da falta de quantidades significativas de gelo.

Conhecido por ser a fonte da chuva de meteoros Gemínidas, este asteróide, com 5,8 quilómetros de largura, fica mais brilhante à medida que se aproxima do Sol. Mas, afinal, o que é que está a causar o seu brilho? O culpado pode ser o sódio.

Tal como explicam os autores do estudo, no comunicado do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da NASA, a órbita alongada do Faetonte (524 dias) leva o objeto bem dentro da órbita de Mercúrio, durante s qual o Sol aquece a superfície do asteróide até cerca de 750 graus Celsius.

Com uma órbita tão quente, qualquer água, dióxido de carbono ou monóxido de carbono gelados perto da superfície do asteróide teria sido queimado há muito tempo. Mas, a essa temperatura, o sódio pode estar a crepitar da rocha do asteróide para o Espaço.

A equipa, cujo estudo foi publicado a 16 de agosto na revista científica The Planetary Science Journal, inspirou-se nas observações das Gemínidas. Quando meteoroides (pequenos pedaços de detritos rochosos) atravessam a atmosfera da Terra como meteoros, desintegram-se.

Mas antes disso, a fricção com a atmosfera faz com que o ar à sua volta atinja milhares de graus, gerando luz. A cor dessa luz representa os elementos que contêm. O sódio, por exemplo, cria uma coloração laranja. As Gemínidas são conhecidas por serem baixas em sódio.

Até agora, pensava-se que esses pequenos pedaços de rocha perdiam de alguma forma o seu sódio depois de deixar o asteróide. Este novo estudo sugere que o sódio pode desempenhar um papel importante na expulsão dos meteoroides Gemínidas da superfície do Faetonte.

Os investigadores pensam que, à medida que o asteróide se aproxima do Sol, o seu sódio aquece e evapora-se. Este processo já teria esgotado o sódio da superfície há muito tempo, mas o sódio dentro do asteróide ainda aquece, vaporiza-se e espalha-se no Espaço através das fissuras na crosta mais externa do Faetonte. Estes jatos forneceriam potência suficiente para expulsar os detritos rochosos da sua superfície.

Portanto, o sódio efervescente poderia explicar não só o brilho do asteróide semelhante ao de um cometa, mas também como os meteoroides Gemínidas seriam expulsos do asteróide e porque é que contêm pouco sódio.

“Asteroides como o Faetonte têm uma gravidade muito fraca, por isso não é precisa muita força para chutar os detritos da superfície ou desalojar a rocha de uma fratura”, disse Björn Davidsson, cientista do JPL e um dos autores do estudo.

“Os nossos modelos sugerem que quantidades muito pequenas de sódio são tudo o que é preciso para fazê-lo – nada explosivo, como o vapor em erupção da superfície de um cometa gelado; é mais uma efervescência constante”, acrescentou.

ZAP //

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