Os humanos são a única espécie que chora. Ninguém sabe porquê

Porque só nós choramos? O mistério por trás das nossas lágrimas emocionais.

Seja por tristeza, alegria, stress, ou o filme de domingo à tarde, chorar é uma das expressões mais poderosas e unificadoras da emoção humana. Mas do ponto de vista científico e evolutivo, o ato involuntário de derramar lágrimas emotivas continua a ser um mistério que continua a intrigar os investigadores.

Embora muitos animais produzam lágrimas para fins práticos, como lubrificação dos olhos ou remoção de irritantes, o choro emocional parece ser uma característica exclusivamente humana.

Os cientistas identificaram até hoje três tipos de lágrimas: as basais, que mantêm a humidade dos olhos; as reflexas, provocadas por irritações como poeira ou cebola e as emocionais, produzidas durante experiências psicológicas intensas. É esta terceira categoria que é distintamente humana, sem paralelos confirmados no reino animal. Porque é que os humanos evoluíram para chorar emocionalmente? Não há uma resposta definitiva.

As lágrimas emocionais parecem não oferecer nenhuma vantagem para a sobrevivência. Chorar consome energia, deixa a pessoa vulnerável e não traz nenhum benefício direto em termos de fuga de predadores ou obtenção de alimento. No entanto, o choro emocional está tão profundamente enraizado na condição humana que muitas vezes medimos a autenticidade ou a profundidade das emoções pela presença de lágrimas.

Uma teoria sugere que as lágrimas emocionais servem como uma forma poderosa de comunicação não verbal. Nas sociedades humanas primitivas, chorar pode ter sido uma forma de suscitar empatia, conforto e apoio social. Chorar pode ter-nos ajudado  a sobreviver, não protegendo outros, mas reforçando os laços sociais.

Outra hipótese liga o choro emocional à regulação fisiológica do nosso corpo. Muito como o riso, o choro pode servir como um mecanismo de libertação durante momentos de sobrecarga emocional. Há investigadores que sugerem que as lágrimas são produzidas durante transições entre estados emocionais intensos, permitindo que o sistema nervoso se recalibre. Essa teoria vê o choro não apenas como uma demonstração externa, mas como uma reinicialização interna.

Existe também uma teoria bioquímica, mais associada ao bioquímico William Frey, que afirma que o choro pode ajudar a eliminar toxinas ligadas ao stress do corpo. No entanto, a teoria tem enfrentado críticas devido à insuficiência de provas concretas e ao impacto mínimo das lágrimas em termos de remoção real de toxinas.

Mas será que outros animais de facto não compartilham lágrimas connosco?

Animais como elefantes e cães exibem, de facto, sinais de inteligência emocional e sensibilidade social. Um exemplo que vem logo à cabeça é Raju, um elefante resgatado em 2014 após cinco décadas em cativeiro. Dizem que o gigante derramou lágrimas quando as suas correntes foram removidas, o que acendeu um debate sobre se os elefantes passam pelas fases do luto de forma semelhante aos humanos.

Os cães também mostram respostas claramente emocionais. Um estudo de 2022 da Universidade Azabu, no Japão, citado pela Sciencing, revelou que os cães produziam mais lágrimas ao reunirem com os donos após uma separação prolongada. A resposta foi associada à oxitocina, hormona associada ao vínculo afetivo. No entanto, embora isso indique excitação emocional, não prova que os cães choram *por causa* da emoção da mesma forma que os humanos.

Pelo menos por enquanto, o choro emocional permanece como uma marca peculiar e comovente da experiência humana.

ZAP //

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