Medicamentos não chegam a todos os hospitais do país com a mesma facilidade e rapidez, sendo proposta uma maior coordenação com os laboratórios.
Em seis anos, o Serviço Nacional de Saúde poupou 292 milhões de euros através da utilização de cinco medicamentos biossimilares — medicamentos biológicos que são desenvolvidos para serem similares a um medicamento biológico existente. A estimativa é avançada pela Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (Apogen), que aponta ainda a margem de progressão na poupança, uma vez que a utilização destes fármacos não é igual em todos os hospitais do país.
De acordo com o jornal Público, uma das justificações possíveis tem que ver com a inexistência de mais informações provenientes das sociedades clínicas e a existência de normas emitidas pelo Ministério da Saúde — dois passos essenciais para a sua utilização.
Atualmente, Portugal tem 14 biossimilares utilizados no tratamento de doenças oncológicas, reumatologia, oftalmologia, entre outras. No entanto, estes medicamentos só podem ser comercializados após os originais — que serviram como referência à sua produção — perderem as patentes, tendo igualmente que cumprir requisitos de qualidade, eficácia e segurança. Entre 2015 e 2021, os seis anos analisados, estes medicamentos permitiu o tratamento a mais 3 milhões de doentes por dia.
No entanto, a margem de progressão é grande. “Em Portugal há uma ausência de políticas de ambulatório e sabe-se pouco sobre as políticas ao nível dos hospitais, que são os principais consumidores. Avaliando as quotas dos seis produtos mais comuns, constatamos que havia hospitais com quotas de 0% e outros de 100%”, descreveu ao mesmo jornal Maria do Carmo Neves, presidente da Apogen.
Como forma de reverter este cenário, a associação juntou-se à Escola Nacional de Saúde Pública para elaborar um estudo sobre a temática. Nele é possível ler conclusões como que “nos hospitais universitários a adoção dos medicamentos biossimilares é mais rápida, mas atingem quotas de mercado mais baixas que a média”. Este poderá ser um indicativo de que a “rápida adoção se deve a novos doentes, mas que o processo de switching será mais difícil”.
Os autores concluem igualmente que “os hospitais com um maior número de ensaios clínicos em curso tendem a ter uma melhor adoção dos medicamentos biossimilares e com quotas mais elevadas”.