Rapariga de 16 anos tinha bola de pelo no estômago. Há menos de 100 casos registados em todo o mundo de Síndrome de Rapunzel.
Uma rapariga de 16 anos andava há semanas com fortes dores de estômago. Quando finalmente decidiu ir ao Hospital de Massachusetts, nos EUA, após vários exames médicos, ninguém lhe conseguia explicar a causa do desconforto persistente.
Apesar de nada ter aliviado as dores, os resultados foram inconclusivos e a jovem teve alta com medicamentos para as náuseas, vómitos e úlceras pépticas.
Mas (surpresa, surpresa) os sintomas persistiram, o que levou os médicos a reavaliarem o seu estado.
Os profissionais de saúde consideraram até a possibilidade de um bezoar — uma massa formada por material estranho ingerido — ser o verdadeiro responsável pelas dores. Para confirmar as suspeitas, realizaram uma endoscopia digestiva alta, um procedimento que envolve a utilização de uma câmara para examinar o esófago, o estômago e a parte superior do intestino delgado. O procedimento revelou o impensável.
Uma bola de pelo, com cerca de 6,35 centímentros, estendia-se do estômago ao intestino delgado da adolescente, o que apontou para um raríssimo caso de Síndrome de Rapunzel., descrito em estudo publicado a 20 de novembro no The New England Journal of Medicine.
Assim apelidada em referência ao conto de fadas alemão, a Síndrome de Rapunzel é uma doença extremamente rara: há menos de 100 casos registados em todo o mundo.
A doença ocorre quando uma pessoa ingere o seu próprio cabelo, criando uma bola de pelo que fica alojada no estômago. O cabelo é indigesto e, com o tempo, acumula-se numa massa que pode causar sintomas gastrointestinais graves.
Neste caso, os médicos especularam que a jovem de 16 anos tinha o péssimo hábito de mastigar e engolir o seu cabelo, embora ainda não tenha sido oficialmente confirmado.
Após a remoção da bola de pelo, o tratamento normal incluiria o encaminhamento para um profissional de saúde mental para tratar potenciais fatores psicológicos subjacentes, como a tricotilomania (puxar o cabelo compulsivamente) ou a tricofagia (comer o cabelo), mas a adolescente optou por não seguir o tratamento tradicional, informando os médicos de que tencionava consultar um hipnoterapeuta.