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Sinal de força leva aliados a libertarem reservas de petróleo. Mas preço subiu depois de decisão

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Dar um sinal forte e uníssono de que não vai haver ruturas no fornecimento de petróleo ao mercado levou 31 países a decidirem libertar reservas.

O petróleo atingiu esta terça-feira os 106 dólares, mesmo depois da Agência Internacional de Energia (AIE) ter decidido ir às suas reservas libertar 60 milhões de barris, segundo noticia o Observador.

A decisão do organismo internacional que junta 31 países acontece pela primeira vez desde 2011 e só por quatro ocasiões a agência, criada em 1974, decidiu conjuntamente ir às suas próprias reservas para libertar petróleo para o mercado – aconteceu em 2011, 2005 e 1991.

Isto depois dos Estados Unidos já terem decidido libertar, em novembro, 50 milhões de barris das suas reservas, o que, então, não foi seguido por outros países, nomeadamente europeus, por não terem considerado necessário.

Em comunicado, a AIE explica ter tomada a decisão “para enviar uma mensagem forte e unificada aos mercados globais de petróleo que não vai haver ruturas nos fornecimentos por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia”.

Metade dessas reservas serão libertadas pelos Estados Unidos da América. O organismo com 47 anos, sediado em Paris, tem como membros, além dos EUA, o Japão e muitos países europeus.

A AIE garante que apoia as sanções contra a Rússia, mas revela preocupação com a situação atual do mercado e a volatilidade de preços.

Além disso, o diretor executivo do organismo, Fatih Birol, citado no comunicado, aplaudindo a decisão acrescenta que “a situação nos mercados de energia é muito séria e requer toda a nossa atenção. A segurança de abastecimento global está ameaçada, o que coloca a economia mundial em risco neste momento de recuperação ainda frágil”.

Os membros da AIE têm reservas de 1,5 mil milhões de barris, o que significa que estão a libertar 4% do que está em depósito, equivalente a dois milhões de barris por dia durante 30 dias.

A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo, depois dos Estados Unidos e Arábia Saudita. Em janeiro deste ano, a produção russa estava nos 11,3 milhões de barris por dia, enquanto os Estados Unidos debitavam 17,6 milhões e os sauditas 12 milhões.

A Rússia é mesmo o maior exportador de petróleo e o segundo maior de crude, a seguir à Arábia Saudita. Cerca de 60% das exportações de petróleo vão para a Europa e 20% para a China.

Mas a seguir ao anúncio, o Brent, transacionado em Londres e que serve de referência para Portugal, chegou nos mercados aos 106 dólares por barril e o WTI em Nova Iorque também atingiu essa marca, não tendo o preço sido contido pela medida.

Esta quarta-feira vai realizar-se uma reunião da OPEP+ (cartel de exportadores liderados pela Arábia Saudita e que têm a Rússia como aliado), havendo já informação que o organismo vai manter o plano anterior de começar a subir a produção de forma gradual.

A situação na Ucrânia não deverá, assim, fazer alterar os planos, avança a Reuters. A OPEP+ decidiu cortar a produção em 2020 devido à crise pandémica que cortou abruptamente a procura.

A 2 de fevereiro, na sua última reunião, a OPEP+ concordou em aumentar o débito em 400 mil barris por dia a partir de março, mantendo ainda um corte de 2,6 milhões de barris por dia.

Esta terça-feira Vladimir Putin e o príncipe de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed al-Nahyan, tiveram uma conversa telefónica onde terão discutido, segundo a Reuters, a continuação da coordenação no mercado de energia.

ZAP //

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