Seropositivos sofrem de ‘jet lag’ crónico

Alexey Kashpersky

Conceito artístico do VIH criado pelo designer ucraniano Alexey Kashpersky

Um grupo de investigadores britânicos e sul-africanos concluíram que os portadores do vírus da imunodeficiência humana (VIH) têm um relógio interno bastante atrasado, o que é consistente com os sintomas do ‘jet lag’.

Recentemente publicado no Journal of Pineal Research, o estudo explica alguns dos problemas de saúde vividos pelas pessoas com VIH e “orienta a investigação no sentido de melhorar a sua qualidade de vida”, de acordo com um comunicado de imprensa divulgado pela Northumbria University, citado pelo Interesting Engineering.

Em África, o VIH representa uma das crises humanitárias mais graves. Como declarado no SOS, os africanos representam dos infetadas em todo o mundo.

Investigadores das universidades de Northumbria e Surrey, no Reino Unido, bem como da Universidade de Witwatersrand e da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, avaliaram adultos com 45 anos ou mais na província de Mpumalanga, onde uma em cada quatro pessoas tem VIH.

Descobriram que em indivíduos seropositivos, os ritmos fisiológicos diários, como o relacionado com a melatonina, eram atrasados em média mais de uma hora. O seu ciclo de sono também era mais curto, tendo os investigadores verificado que este começava mais tarde e acabava mais cedo.

À luz dos resultados, o estudo sugere a possibilidade de a infeção pelo VIH poder causar uma perturbação no ritmo circadiano, semelhante à perturbação experimentada no trabalho por turnos ou devido ao ‘jet lag’.

“Os participantes que vivem com VIH experimentam essencialmente a perturbação de uma hora associada à mudança para horário de verão, mas todas as manhãs”, diz o Professor Malcolm von Schantz, Professor de Cronobiologia na Universidade de Northumbria, autor correspondente da publicação.

“As nossas descobertas têm importantes implicações para a saúde e bem-estar das pessoas que vivem com o VIH, especialmente dadas as relações estabelecidas entre os ritmos circadianos perturbados e a privação do sono”, disse o Malcolm von Schantz, da Universidade de Northumbria, um dos autores da publicação.

“Isto é muito semelhante ao perfil observado nos trabalhadores por turnos. Compreender e mitigar esta perturbação pode ser um passo importante para ajudar as pessoas que têm o VIH a viverem de forma mais saudável”, acrescentou Karine Scheuermaier, da Universidade de Witwatersrand, a primeira autora do estudo.

Estes “resultados identificam um tópico de investigação urgente”, referiu Xavier Gómez-Olivé, da Universidade de Witwatersrand. “O passo seguinte deve ser o de estabelecer se existe a mesma perturbação do relógio corporal em pessoas mais jovens, que têm VIH, e que vivem noutros países”, completou.

“Este é um grande exemplo da importância de estudar o sono em pessoas que vivem em África, e demonstra como os resultados desta investigação também podem ser relevantes para pessoas em qualquer parte do mundo”, indicou Dale Rae, da Universidade da Cidade do Cabo, que também participou no estudo.

ZAP //

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