Um estudo levado a cabo por cientistas da Universidade de Queensland revelou novos detalhes sobre a composição geológica da crosta terrestre.
Até agora, os cientistas pensavam que a lava arrefecida dos chamados vulcões “hot spot” era magma puro do manto em fusão, a dezenas de quilómetros abaixo da superfície da Terra. “Mas não é bem o caso – fomos enganados, geologicamente enganados”, disse Teresa Ubide, investigadora da Universidade de Queensland, citada pelo EurekAlert.
Os “pontos quentes” são áreas de elevada atividade vulcânica que, ao contrário de outras áreas de vulcanismo, não estão necessariamente associadas a encontros com placas tectónicas.
Este trabalho permitiu descobrir que estes vulcões são complexos no seu interior e “filtram um derretimento à superfície muito diferente do que temos estado à espera”, explicou a especialista. “Isto deve-se ao intrincado sistema de canalização do vulcão que obriga muitos minerais no magma a cristalizarem-se.”
De acordo com o portal, os minerais são reciclados pelo magma ascendente, alterando a sua química para “aparecerem” imaculados. Este detalhe é muito importante para compreender o funcionamento dos vulcões das ilhas oceânicas.
“Descobrimos que os vulcões hot spot filtram os seus derretimentos para se tornarem altamente eruptíveis na base da crosta terrestre, situada vários quilómetros abaixo do vulcão”, esclareceu Ubide. “O controlo pode indicar a altura em que o magma atinge a base da crosta, onde o processo de filtragem atinge o ‘ponto de rutura’ que leva à erupção.”
A equipa analisou amostras de rochas da ilha de El Hierro, nas Ilhas Canárias, a sudoeste de Marrocos. Depois, combinou as informações com centenas de dados geoquímicos já publicados da mesma região. O último passo foi testar as descobertas com os dados dos vulcões hot spot das ilhas oceânicas de todo o mundo, incluindo o Havai.
“Os vulcões hot spot podem aparecer ‘em qualquer lugar’, ao contrário da maioria dos outros vulcões que ocorrem devido a placas tectónicas que chocam umas contra as outras (como os vulcões do Anel de Fogo no Japão ou na Nova Zelândia) ou placas tectónicas que se afastam umas das outras, criando, por exemplo, o Oceano Atlântico”, detalhou Ubide.
O novo artigo científico foi publicado a 14 de setembro na Geology.