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“O homem que poluiu os céus”. Satélites de Elon Musk estão a cegar os telescópios terrestres

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O projeto de satélites Starlink da companhia norte-americana SpaceX, de Elon Musk, está a deixar astrónomos de várias partes do mundo desagradados, uma vez que os objetos espaciais estão a bloquear a visão e o trabalho dos telescópios terrestres.

A iniciativa do fundador da SpaceX consiste em colocar uma rede de 12 mil satélites não muito longe da Terra para fornecer Internet de banda larga a todo o mundo. Até ao momento, Musk já enviou para o Espaço 122 destes dispositivos.

De acordo com o Russia Today, os 122 satélites do empresário norte-americano já conseguiram cegar a Câmara de Energia Escura (DECam) do Observatório Interamericano de Cerro Tololo, localizado no Chile, segundo Clarae Martínez-Vázquez, astrónoma da instituição.

“Estou chocada!”, confessou a especialista no Twitter, explicando que a passagem do “comboio” composto por 19 desses satélites “durou mais de 5 minutos” e afetou a exposição do DECam.

Outras pessoas que estudavam o Universo voltaram-se para o Twitter para expressar a sua frustração com a iniciativa de Elon Musk. O astrónomo americano Cliff Johnson publicou uma imagem capturada pelo DECam, na qual pode ser vista a poluição luminosa causada pelos satélites artificiais da SpaceX.

“Este problema pode ser incomum agora, mas quando toda a constelação [Starlink] estiver em órbita, será uma ocorrência diária“, escreveu Jonathan McDowell, investigador do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, em Massachusetts, Estados Unidos.

Matthew Kenworthy, professor de astronomia no Observatório de Leiden, na Holanda, comentou que o evento “não é bom para a astronomia terrestre” e forçaria os cientistas a processar grandes quantidades de dados adicionais apenas para conseguir limpar o trilho destes satélites artificiais.

“Tenho a certeza de que Musk se considera um herói ambiental por vender carros elétricos, mas o seu verdadeiro legado permanente será o do homem que poluiu os céus“, escreveu o astrofísico da NASA, Simon Porter.

A SpaceX disse que iria pintar a superfície dos satélites de preto para reduzir o seu brilho, mas os cientistas disseram que esta medida não resolveria o problema, uma vez que os telescópios os capturariam de qualquer maneira.

Em outubro, soube-se que a empresa solicitou uma autorização da União Internacional de Telecomunicações para lançar 30 mil satélites Starlink para a órbita baixa da Terra, o que somaria aos 12 mil já autorizados a implantar.

Em maio, Elon Musk garantiu que o Starlink não teria um impacto negativo na astronomia. “Hoje em dia há 4.900 satélites em órbita, e as pessoas apercebem-se disso cerca de 0% do tempo”.

ZAP //

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4 Comments

  1. Cambada de “Velhos do Restelo”!!!!!
    Ele está a desenvolver foguetões para colocar telescópios de qq tamanho em qq órbita, a custos marginais já a partir de 2023/2024. Para não falar de atacar o monopólio das empresas caseiras de internet!
    Voltem para o século 19: aí é que era fantástico: zero lixo no espaço!!!

  2. Com tanto satélite lá em cima e tanto lixo espacial não admira nada que se fale em aquecimento global. Isto agrava ainda mais o efeito estufa.

  3. @Hippo: permita-me discordar. O Musk, a pesar de ter boas intenções não tem o direito de ofuscar ou obstruir a ciência, especialmente a astronomia, que é de certa forma a mãe de todas as ciências. Não se esqueça que o tempo em telescópio é muito escasso e mais: há dezenas de milhares de astrónomos amadores no mundo que fazem contribuições significativas

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