O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy vai ser julgado no início de 2025 pelas acusações de ter financiado ilegalmente a sua campanha eleitoral de 2017 com fundos alegadamente do então líder líbio, Muammar Kaddafi.
A Procuradoria Nacional das Finanças anunciou hoje que os juízes responsáveis pelo caso concluíram a investigação e processaram Nicolas Sarkozy e outras 12 pessoas, incluindo os ex-ministros Claude Guéant, Brice Hortefeux e Éric Woerth.
Sarkozy, que foi chefe de Estado em França entre 2007 e 2012, é alvo de quatro acusações: recebimento de fundos públicos desviados, corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e associação criminosa com vista à prática de um crime.
No caso agora em julgamento, Guéant, Hortefeux e Woerth, tal como outros elementos da equipa de campanha de Sarkozy, terão de responder por diversas acusações e por terem sido cúmplices de financiamento irregular.
Um dos réus é o polémico empresário e traficante de armas Ziad Takieddine, que ao longo do tempo mudou várias vezes de versões sobre este processo. Segundo a acusação, Takieddine atuou como mensageiro entre o regime de Kaddafi e o gabinete presidencial francês.
A Procuradoria explicou que o julgamento decorrerá entre 6 de janeiro e 10 de abril de 2025, no Tribunal Correcional de Paris, embora antes disso existam duas audiências marcadas para 7 de março e 5 de setembro do próximo ano.
O escândalo eclodiu em 2012, quando o Médiapart fez as primeiras revelações, nomeadamente de um memorando, de dezembro de 2006, com as modalidades de financiamento de campanha, que teria resultado no pagamento de 50 milhões de euros.
Sarkozy, que nega todas as acusações,- já foi condenado duas vezes em outros processos judiciais.
Em maio de 2021, Sarkozy foi condenado a três anos de prisão, dois dos quais suspensos e o terceiro em prisão domiciliária, por corrupção e tráfico de influências, tornando-se o segundo chefe de Estado condenado em França, após Jacques Chirac em 2011.
Sarkozy foi condenado por ter tentado obter ilegalmente informações sobre uma ação judicial em que estava envolvido, através de um magistrado, Gilbert Azibert, a quem ofereceu, em troca, um cargo de prestígio no principado do Mónaco, em 2014.
Em setembro de 2021, Sarkozy foi também condenado a um ano de prisão, que poderá cumprir em prisão domiciliária se confirmado em recurso, pelo financiamento ilegal da sua campanha presidencial de 2012, na qual foi derrotado pelo socialista François Hollande.
ZAP // Lusa