Polícia russa estava a investigar a morte de Navalny como homicídio voluntário

Yuri Kochetkov / EPA

Alexei Navalny

Investigadores ligados ao Kremlin apreenderam tudo que foi mexido por Navalny, nas últimas horas antes da sua morte.

Alexey Navalny, que era o líder da oposição a Vladimir Putin na Rússia, morreu em Fevereiro deste ano, em circunstâncias duvidosas.

Quase oito meses depois, surge a notícia de que os investigadores estatais russos confiscaram todos os objetos com os quais Navalny teve ou pode ter tido contacto físico, horas antes da sua morte.

A indicação é dada após uma investigação do Centro de Dossiers, que publica uma lista alegadamente completa dos 75 artigos apreendidos na prisão onde Navalny estava.

Os investigadores ficaram com todas as roupas do opositor, colchão, lençóis, livros, ou amostras de alimentos.

E confiscaram até os cotonetes que estavam no casaco e amostras de neve do pátio de exercício onde, segundo o Serviço Penitenciário Federal, Navalny começou a sentir-se mal.

Também recolheram amostras de vómitos, amostras de cabelo, lixo e material descartável deixado pelos médicos que estiveram no local.

Precisamente sobre os médicos, e segundo a mesma fonte, outros prisioneiros ajudaram os profissionais de saúde a tentar salvar Navalny.

Os documentos da investigação indicam que Navalny teve contacto com pessoas chamadas MA Mironov, VC Abayev e VV Sigachev – nenhuma delas está na lista de trabalhadores daquela prisão na Sibéria.

Menos de metade (31) de todos os artigos confiscados foi enviada para análise. Não se sabe o que aconteceu ao resto.

O que foi apagado

Os polícias estariam a investigar o caso como homicídio voluntário, e não como um problema de saúde, cita o Meduza. A intervenção imediata da polícia no local deixa essa ideia.

Mas os investigadores estaduais anunciaram mais tarde que não iriam abrir um processo criminal pela morte do político porque “não era de natureza criminosa”; a versão oficial aponta para “arritmia cardíaca”.

Mas há poucos dias o The Insider divulgou que versões anteriores da autópsia mostraram sintomas como vómitos e convulsões – pormenores que foram retirados da versão enviada à esposa, Navalnaya.

“É improvável que estes sintomas possam ser explicados por outra coisa que não seja envenenamento”, analisou o médico Alexander Polupan, que tratou de Navalny no envenenamento de 2020.

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