Rubiales não se demite. “O beijo foi espontâneo, mútuo, eufórico e consentido”

// cv France24

Jennifer Hermoso e Luis Rubiales comemoram a vitória da Espanha no Mundial de Futebol Feminino

“Não me vou demitir” – foi assim que, repetidamente e elevando o tom de voz, Luis Rubiales disse que não vai abandonar o cargo de presidente da Federação espanhola de futebol, por ter beijado na boca Jenni Hermoso. Rubiales continua a dizer que foi “consentido”, mesmo depois de a jogadora ter pedido a adoção de “medidas exemplares”.

O presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, disse esta quinta-feira, durante a Assembleia Geral do organismo, que não pensa demitir-se devido ao beijo que deu à futebolista Jenni Hermoso.

“Foi espontâneo, mútuo, eufórico e consentido, o que tem sido o mote de todas as críticas. Foi consentido“, repetiu.

Então o que explica que a própria jogadora tivesse exigido a adoção de “medidas exemplares” contra Rubiales?

“Pedimos à RFEF que implemente os protocolos necessários, garanta os direitos das nossas jogadoras e adote medidas exemplares. É necessário continuar a avançar na luta pela igualdade”, lê-se no comunicado divulgado pelo sindicato FUTPRO, que luta pela defesa dos direitos da jogadora.

Elevando o tom de voz, Luis Rubiales disse, repetidamente, que não se ia demitir do cargo. Recebeu aplausos.

“Esta jogadora [Jenni] tinha falhado um penálti e eu tenho uma grande relação com todas as jogadoras, fomos uma família durante mais de um mês e tivemos momentos carinhosos durante toda a concentração”, justificou Rubiales na intervenção durante a Assembleia.

O caso teve origem na final do Campeonato do Mundo, que decorreu na Austrália e Nova Zelândia, que a Espanha conquistou, ao bater a Inglaterra por 1-0.

Na altura da entrega dos prémios, Rubiales, quando felicitava a comitiva pela conquista, beijou na boca Jenni Hermoso,

Em declarações à Federação no próprio dia, a jogadora desvalorizou a situação, dizendo que se tratou apenas de “um gesto natural de carinho e gratidão”, depois de, numa primeira instância, ter confessado não ter gostado.

O ato deu origem a inúmeras críticas tanto em Espanha como internacionalmente, tendo mesmo levado a FIFA à abertura de um inquérito disciplinar ao dirigente.

“A FIFA informou o Sr. Luis Rubiales, Presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), da abertura de um inquérito disciplinar com base nos eventos ocorridos durante a final da do Mundial feminino, no domingo, 20 de agosto de 2023”, informou o organismo do futebol mundial informou, em comunicado, esta quinta-feira.

Revolta entre atletas espanhóis

Através de uma publicação na sua rede social X/Twitter, a jogadora da seleção espanhola Alexia Putellas demonstrou-se solidária com a sua companheira.

A atual bola de ouro descreveu a situação como “inaceitável”.

O capitão de futebol masculino do Barcelona, Sergi Roberto, citou a publicação de Alexia Putellas, demonstrando o seu apoio: “Estamos convosco!”

Borja Iglesias, jogador do Real Betis, também usou as redes sociais para se manifestar contra a situação. Na sua página de X/Twitter, o avançado disse que, enquanto não houver mudança de paradigmas, não volta a representar a seleção.

Conhecido pelo seu ativismo e luta pelos direitos de igualdade, Borja Iglesias pede um “futebol mais justo, humano e digno”.

Também Héctor Bellerín, ex-jogador do Sporting, e atualmente no Real Betis, se pronunciou nas redes sociais, dizendo que “o machismo não deve ter lugar no futebol”.

ZAP // Lusa

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