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O mistério de Rómulo. Terá sido este o primeiro rei de Roma ou trata-se apenas de uma personagem lendária?

CellarDoor85 / Wikimedia

A Loba Capitolina é uma escultura mantida nos Museus Capitolinos, que representa a loba das narrativas romanas sobre a Fundação de Roma

Escavações recentes reacenderam o debate sobre se o lendário primeiro rei de Roma, Rómulo, foi uma personagem histórica ou apenas uma obra da ficção.

No início deste ano, os arqueólogos descobriram um suposto santuário em honra do rei, que tem pelos menos 2.600 anos.

Para além disso, os arqueólogos fizeram, na última década, descobertas que parecem relacionar-se com o mito da fundação canónica de Roma. Enquanto a maioria dos académicos há muito tempo classifica Rómulo como uma “invenção literária”, alguns questionam essa opinião levantando novas evidências.

Alguns académicos argumentam que a data arqueológica de Roma não se alinha com a suposta fundação da cidade em 753 a.C., e que há muito pouca (ou nenhuma) evidência da existência do rei Rómulo.

Embora os céticos apresentem alguns argumentos coerentes, estes não têm uma explicação suficientemente forte contra o suposto rei de Roma. Ainda assim, há realmente alguns factos questionáveis em toda a história.

Alguns historiadores acreditavam que o pai de Rómulo não era o deus da guerra, tal como é escrito na lenda, mas sim o desonesto rei de Alba Longa – Amúlio – que terá violado a sua mãe – Rhea Silvia – levando assim à escandalosa gravidez.

A lenda da loba também é de origem questionável, visto que os lobos são mais propensos a devorar bebés do que propriamente a amamentá-los, por isso alguns historiadores sugerem que o lobo chamado Lupa não ajudou o pequeno Rómulo quando este foi abandonado, e em vez disso, foi uma prostituta.

Este argumento é justificado pelo facto da palavra “Lupa” ser era um termo antigo que essencialmente se traduzia como “prostituta”.

Nesse caso, uma prostituta – possivelmente chamada Acca Larentia – teria cuidado de Rómulo, em vez de um lobo, diz o Ancient Origins.

Também a ascensão de Rómulo ao céu é motivo de algum ceticismo. A maioria dos pensadores modernos não acredita que indivíduos que supostamente se desmaterializam, se possam tornar verdadeiras divindades. Isto porque quando Rómulo morreu, adquiriu vários seguidores num culto. Após a sua morte, o suposto primeiro rei de Roma foi divinizado como o deus da guerra Quirino.

Muitos historiadores acreditam que estes componentes podem ter sido criados apenas para reforçar a reputação do rei Rómulo e ocultar verdades desagradáveis ​​ao público romano.

Os inúmeros argumentos podem ser evidências convincentes contra a existência de um herói fundador de Roma, mas a maioria dos relatos afirmam que alguém – cujo nome era Rómulo – desempenhou um papel fundamental na fundação de Roma. Além do mais, sempre que as datas eram incluídas, concordava-se que Roma foi estabelecida por volta de 800-700 a.C.

Porém, vários académicos modernos rejeitaram as datas e afirmam que as evidências físicas não corroboram isso.

Os céticos de Rómulo apontam que os primeiros escritos e artefactos conhecidos a relatar ou mito do rei, surgiram centenas de anos depois de sua suposta morte. A primeira obra de arte a representar Rómulo é datada entre 296 e 269 a.C.

Esta data foi muito depois de Rómulo supostamente ter vivido, mas esta dificilmente é uma evidência definitiva contra ele. Um analista afirmou que muitos dos documentos antigos de Roma foram perdidos, embora historiadores modernos questionem a verdadeira extensão da destruição.

Embora os registos existentes da fundação de Roma sejam deficientes, a maioria dos relatos parece apoiar a teoria de que Rómulo foi realmente o primeiro rei de Roma.

ZAP //

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