Um estudo desenvolvido na Universidade de Manchester identificou a perda de audição como um dos malefícios associados ao consumo de tabaco.
A investigação, que durou 3 anos e contou com a participação de mais de 165 mil indivíduos com idades compreendidas entre os 40 e os 69 anos, demonstrou que os fumadores apresentam uma probabilidade de desenvolvimento de perda auditiva superior a 15%, comparativamente com não-fumadores — e que esse índice pode crescer de acordo com os hábitos tabagistas.
A diminuição da capacidade auditiva foi diretamente proporcional ao consumo de tabaco, ou seja, a perda auditiva é mais acentuada quanto maior for o número de cigarros consumidos por semana.
Os resultados revelaram-se ainda mais preocupantes para os fumadores passivos.
Os não-fumadores que se encontravam expostos frequentemente ao fumo do tabaco apresentaram um risco de desenvolver perda auditiva superior a 28%.
Apenas os ex-fumadores apresentaram resultados positivos.
De acordo com o estudo, quem deixa de fumar pode reduzir a probabilidade de sofrer de perda auditiva. Os investigadores justificam essa conclusão pela adoção de um estilo de vida saudável, que é realizada frequentemente pela grande maioria dos ex-fumadores.
Esta mudança beneficia, de modo geral, a audição.
“O consumo de tabaco em Portugal tem início cada vez mais cedo logo, se for prolongado até idades mais avançadas, o fumador passa a apresentar um elevado risco de desenvolvimento precoce de problemas naturais, como é o caso da perda auditiva”, refere o audiologista Pedro Paiva.
Segundo o cientista, a relação da perda auditiva com o fumo do tabaco ainda não tinha sido provada, mas já se conhecia a sua relação indireta através da associação às doenças cardiovasculares.
“As conclusões apresentadas servem para alertar novamente estes grupos de risco sobre a importância de realizarem rastreios auditivos mais cedo, e com maior regularidade, que a restante população”, acrescenta o audiologista.
Segundo o último relatório da Direção-Geral de Saúde, cerca de 90% dos fumadores ou ex-fumadores portugueses iniciaram o consumo de tabaco entre os 12 e os 20 anos.
Quando questionados, mais de 85% dos fumadores não revelou grande motivação em deixar de fumar — apesar de mais de metade ter admitido ter consciência que fumar representa um risco elevado para a sua saúde.