/

Ricardo Araújo Pereira e outros benfiquistas acusam Ventura de usar Benfica para se promover

3

Um grupo de adeptos do Benfica, entre os quais estão o humorista Ricardo Araújo Pereira, o escritor Jacinto Lucas Pires e o historiador Henrique Raposo, apela ao clube para se demarcar de André Ventura, considerando que ele usa o emblema para se promover politicamente.

André Ventura usou e usa o Benfica para criar uma persona política“, consideram os signatários de uma carta aberta que é divulgada pelo Expresso e que apela ao clube da Luz para se demarcar do líder do Chega que conseguiu um lugar no Parlamento, depois das eleições legislativas de 6 de Outubro.

Expressando a sua “indignação”, estes adeptos notáveis frisam que o Chega é um “partido de extrema-direita abertamente anti-sistema e xenófobo“, o que “é a negação da identidade do Benfica”.

“O Benfica é o clube mais popular de Portugal, é de ricos e pobres, de brancos e negros, de muçulmanos e ciganos”, sustentam. “A instrumentalização política do Benfica é errada por princípio”, consideram ainda, apelando à direcção do clube para não “continuar a pactuar” com Ventura que se tornou conhecido como comentador de futebol, defendendo as cores encarnadas, em programas de televisão.

Leia a carta na íntegra:

“Somos um pequeno grupo de benfiquistas que vem por este meio expressar indignação perante um facto que já passou todos os limites: André Ventura usou e usa o Benfica para criar uma persona política.

A instrumentalização política do Benfica é errada por princípio.

Neste caso, é ainda mais grave, porque o Chega é um partido de extrema-direita abertamente anti-sistema e xenófobo, isto é, um partido que é a negação da identidade do Benfica.

O clube de Eusébio, Coluna, Renato e Gedson, entre outros, não pode ser associado a uma figura xenófoba.

A claque do Benfica tem brancos, mestiços e negros. O Benfica é um clube de angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos.

O Benfica é clube mais popular de Portugal, é de ricos e pobres, de brancos e negros, de muçulmanos e ciganos. A direção do Benfica não pode continuar a pactuar com a evidência mediática: o Chega chegou ao parlamento porque é liderado por uma personagem que é conhecida apenas e só por causa do Benfica.

Com os melhores cumprimentos,
Jacinto Lucas Pires
Henrique Raposo
Pedro Norton
José Eduardo Martins
Ricardo Araújo Pereira”

“É óbvio que Ventura usa Benfica para a carreira política”

No programa “Governo Sombra”, emitido pela TVI24 e pela TSF, Ricardo Araújo Pereira reforça as críticas ao político e comentador, repetindo o apelo para que “o Benfica faça uma demarcação relativamente a André Ventura”.

“Não há nenhum” comentador de futebol nos programas de televisão que “esteja lá sem o apoio dos clubes“, vinca ainda o humorista, lembrando que Ventura foi também mandatário da candidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica.

“É óbvio que [André Ventura] usa o símbolo do Benfica para a sua carreira política“, reforça Ricardo Araújo Pereira, manifestando que não ficou surpreendido com o facto de o Benfica ter ignorado o apelo da carta aberta.

O clube da Luz recusa comentar o teor da missiva, frisando apenas, em nota enviada à Lusa, que os estatutos do clube não diferenciam os sócios “em razão da raça, género, sexo, ascendência, Língua, nacionalidade ou território de origem, condição económica e social e convicções políticas, ideológicas e religiosas”.

Ventura: “Nunca usei o nome do Benfica”

Em sua defesa, André Ventura assegura, em entrevista ao Record, que sempre separou a “política do futebol”. “Nunca usei o nome do Benfica, nem assisti a qualquer jogo durante a campanha”, frisa.

“Quanto ao conteúdo da carta, não me afecta”, aponta. “Trata-se de um exercício de liberdade de cidadãos e um político tem de estar sujeito à crítica”, acrescenta. E só se queixa das acusações de ser “xenófobo e racista”, “coisa que não sou”, garante.

Sobre o seu papel de comentador desportivo na CMTV, André Ventura não revela se vai mantê-lo quando assumir as funções de deputado no Parlamento. “A actividade de deputado não é impeditiva de continuar as ser comentador televisivo, até porque a presença é nocturna”, “mas é uma questão que tenho de avaliar com a CMTV e o seu director-geral”, conclui.

SV, ZAP //

3 Comments

  1. Se há partidos de extrema esquerda porque é que não pode haver de extrema direita? Quanto a ser racista será que esses que acusam de ser racista não serão eles próprios racistas? Quanto a ser xenófobo será que não tenho direito de ser? Assim como há quem defenda a entrada de imigrantes não pode haver quem seja contra?

    • Partidos de extrema-esquerda?
      Quais são?
      E, quem disse que não pode haver?
      Mas, o que tem isso a ver com a notícia?
      O palerminha populista que escreve livros com a bruxa Maya e comenta o Benfica no circo da CMTV, obviamente que usou o Benfica para se promover porque sabe que o futebol é uma religião e não falta carneirada para ouvir (e seguir) as palermices dos comentadores da treta!…
      Uma vergonha para o Benfica e para o futebol – é so mais uma, portanto, nada de novo!…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.