A nova tecnologia usa perovskita em vez do tradicional silício para a criação de painéis solares ultrafinos e flexíveis.
Os investigadores alcançaram um marco significativo na tecnologia solar ao criarem o primeiro painel solar flexível do mundo suficientemente fino para ser aplicado como revestimento em vários objectos, permitindo-lhes funcionar como fontes de energia portáteis.
Esta abordagem inovadora deu origem a células solares 150 vezes mais finas do que os painéis tradicionais à base de silício, sem comprometer a sua eficiência energética, escreve o Live Science.
A descoberta utiliza um novo material fotovoltaico feito de estruturas de perovskita. As perovskitas, versões sintéticas do óxido de cálcio e titânio que ocorre naturalmente, podem gerar uma carga eléctrica quando expostas à luz solar, à semelhança do silício, o material mais comum nas células solares existentes. No entanto, ao contrário do silício, as perovskitas permitem a criação de painéis solares flexíveis e leves que podem ser fabricados a um custo inferior.
A película solar recentemente desenvolvida, que tem pouco mais de um mícron de espessura (0,001 mm), apresenta uma impressionante eficiência de 27% na conversão da luz solar em energia. Trata-se de uma melhoria significativa em relação à eficiência de cerca de 22% dos atuais painéis à base de silício. A equipa de investigação fez progressos substanciais nos últimos anos, aumentando a eficiência das células solares à base de perovskita de 6% para o seu nível atual.
Um dos principais desafios das perovskitas tem sido a sua vulnerabilidade à humidade e ao ar, o que pode provocar a sua rápida degradação. Para ultrapassar este problema, a equipa utilizou uma abordagem “multi-junção”, colocando em camadas diferentes materiais fotossensíveis que correspondem a vários comprimentos de onda da luz. Esta estratégia aumenta a fotossensibilidade global e a estabilidade do material solar.
As aplicações potenciais desta tecnologia são vastas. Os revestimentos de perovskite podem ser aplicados a uma vasta gama de superfícies, incluindo os tetos dos automóveis e dos edifícios, e mesmo a parte de trás dos telemóveis. Isto permitiria a produção de energia solar barata em movimento, reduzindo a necessidade de grandes parques solares e dos tradicionais painéis de silício.
Olhando para o futuro, os investigadores acreditam que os painéis solares à base de perovskite poderão eventualmente atingir eficiências superiores a 45%, o limite superior teórico baseado nos atuais conhecimentos científicos.
Este desenvolvimento inovador foi certificado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada (AIST) do Japão, e espera-se que seja publicado um estudo científico pormenorizado ainda este ano.