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Revelados segredos de um planalto afogado há 8.000 anos no mar do Norte

Um vasto planalto localizado entre o Reino Unido e a Holanda já esteve cheio de vida antes de se afundar no que é hoje o Mar do Norte há cerca de 8 mil anos.

Os arqueólogos agora esperam descobrir como era esta paisagem antes de estar sob a água. Para reconstruir a imagem, os cientistas recolheram núcleos de sedimentos do fundo do Mar do Norte numa área chamada Doggerland, que não tinha gelo há cerca de 12 mil anos, após o fim da última era glacial.

A investigação também inclui estudos de grãos de pólen antigos e outros fósseis microscópicos contidos nas amostras, que podem revelar detalhes da paisagem e do clima da área.

Segundo Claire Mellett, principal geoarqueóloga marinha da ONG Wessex Archaeology, dez dos núcleos de sedimentos retirados de parques eólicos no Mar do Norte continham antigos depósitos de turfa, um material orgânico que só pode ser formado em pântanos.

Os investigadores cruzaram as localizações do terreno com imagens de sensores remotos do fundo do mar, onde as amostras foram recolhidas, o que poderia mostrar a estrutura oculta da paisagem inundada.

“Conseguimos ver onde estavam os antigos rios, os pântanos, bem como a sua extensão, por isso sabemos o quão grande são. Estamos essencialmente a reconstruir a geografia do Mar do Norte há cerca de dez mil anos”, disse Mellett, que publicou os resultados no site da ONG onde trabalha.

Paisagem inundada

Mellett explicou que os depósitos de turfa são particularmente importantes porque contêm um registo ambiental de mudanças na paisagem e no clima da região, variando entre aproximadamente 12 mil a oito mil anos atrás.

“A turfa não é a evidência mais forte de uma superfície terrestre anterior. Há também uma excelente conservação de fósseis microscópicos, e é isto que nos dá a informação para reconstruir o clima, o nível do mar e que árvores cresciam na área”, referiu.

“Também observamos coisas como carvão microscópico, por isso podemos ver quando aconteceu um grande evento de queima. Não sabemos se foi causada por humanos ou se foi um incêndio natural numa floresta”, acrescentou.

Alguns restos humanos, incluindo parte de um crânio antigo e fragmentos de artefactos como ferramentas de pedra, foram recuperados na área através de operações de pesca e dragagem.

O trabalho poderá ajudar a encontrar em Doggerland mais locais de possível presença humana antiga.

Um dos últimos mistérios de Doggerland é a rapidez com que afundou – entre 500 a mil anos. “No histórico geológico, é uma das mais rápidas subidas do nível da água que conhecemos”, referiu a investigadora.

ZAP // RT / Live Science

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