O icónico mosaico de Alexandre, o Grande, encontrado em Pompeia há quase 200 anos, é composta por 2 milhões de peças de pedreiras que – segundo um novo estudo – vieram de todo o mundo (inclusivamente de Portugal).
Há cerca de 2 milhões de peças que compõem o mosaico de Alexandre, o Grande, mas de onde é que elas vieram?
Um estudo publicado esta quarta-feira na na PLOS One deixa-nos mais perto da resposta a esta pergunta.
O mosaico de Alexandre, o Grande, com cerca de 2.000 anos, deapareceu em Pompeia quando o Monte Vesúvio entrou em erupção no ano 79 d.C.
Em 1831, foi redescoberto em escavações em Pompeia. Atualmente, está em exposição no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles. O Mosaico de Alexandre é considerado “o mais importante mosaico da época romana”.
Retrata Alexandre, que governou de 336 a 323 a.C., e o exército macedónio a triunfar sobre o rei persa Dario III e as suas forças.
Em 2020, o Museu Arqueológico Nacional de Nápoles lançou um projeto de restaur que implicava o estudo não invasivo do mosaico. Como detalha a Live Science, a equipa utilizou várias técnicas, incluindo a fluorescência de raios X portátil (pXRF), para ajudar a identificar elementos dentro de um objeto.
“Segredos” de todo o mundo
Descobriu-se que as “tesselas eram compostas por dez tipos de cores magistralmente combinadas para realçar os efeitos artísticos que caracterizam o Mosaico de Alexandre”, escreveram os investigadores no estudo.
As 10 cores incluíam tons de branco, castanho, vermelho, amarelo, cor-de-rosa, verde, cinzento, azul, preto e vítreo, que apresentavam uma grande variedade de micro-texturas que foram “magistralmente combinadas para realçar os efeitos artísticos das obras de arte”, escreveram os investigadores no artigo.
E também de… Portugal!
Quanto à origem das tesselas, os cientistas analisaram as pedreiras que eram utilizadas na época romana.
Por exemplo, “algumas das tesselas brancas podem estar relacionadas com o Marmor Lunensis [calcário branco cristalino] das pedreiras dos Alpes Apuanos (Itália), que começou a ser extraído para mármore no século I a.C. e deixou de ser utilizado a partir do século III d.C.”, escreveu a equipa no estudo.
Por seu turno, as tesselas cor-de-rosa intenso podem ter vindo de Portugal!
Alguns dos blocos amarelos podem ter vindo da cidade romana de Simitthus, na atual Tunísia, e as peças vermelho-escuras podem ser do Cabo Matapan, na Grécia, escreveram.
A equipa também detetou vestígios de cera natural e do mineral gesso, que foram provavelmente aplicados como camada protetora durante projetos de restauro na era moderna, escreveu a equipa no estudo.
Uma investigação endoscópica na parte de trás do mosaico mostrou também “muitas porções vazias” que provavelmente não foram detetadas pelas substâncias à base de gesso, que provavelmente foram adicionadas para suportar a estrutura durante o seu trânsito de Pompeia para o museu.