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Revelados novos segredos sobre o exoplaneta mais quente já descoberto

Centro de Voo Espacial Goddard da NASA/Chris Smith (USRA)

Esta ilustração mostra como o planeta KELT-9b vê a sua estrela hospedeira

Um estudo revela novos segredos sobre o exoplaneta mais quente já descoberto, que supera os 4.700ºC e é considerado um “Júpiter quente”.

Descoberto em 2016, o longínquo Kelt-9 b, situado a 650 anos-luz da Terra, é o exoplaneta mais quente já descoberto até agora. Supera os 4.700ºC na sua face diurna, uma temperatura que é semelhante à do nosso Sol e que é superior à de 80% de todas as estrelas do universo.

Este exoplaneta gasoso orbita uma estrela que é duas vezes mais quente que o Sol, a uma distância dez vezes mais próxima do que aquela que separa Mercúrio da nossa estrela. Com um tamanho 1,8 vezes maior do que Júpiter e tendo 2,9 vezes a sua massa, é considerado um “Júpiter quente”. A sua órbita completa dura um dia e meio terrestres e ostenta uma gigantesca e brilhante cauda de gás, como se fosse um cometa.

De acordo com o jornal espanhol ABC, para conhecer mais dos seus segredos, investigadores da Universidade da Califórnia usaram dados do telescópio espacial Hubble para obter o espectro de eclipses do planeta ao passar em frente à sua estrela.

Mais tarde, como explicaram em março ao site The Conversation, utilizaram um software para extrair a presença de moléculas e descobriram que havia muitos metais (feitos de moléculas).

A descoberta, relatada em janeiro na revista científica The Astrophysical Journal Letters, surpreendeu a equipa de cientistas, já que se pensava que estas moléculas não estariam presentes em temperaturas tão extremas, mas que se dividiriam em compostos mais pequenos.

Sujeito à forte atração gravitacional da sua estrela hospedeira, o Kelt-9 b está a ser “bloqueado por marés”, o que significa que a mesma face do planeta está permanentemente voltada para a estrela. Segundo o diário, isto faz com que haja uma grande diferença de temperatura entre os lados diurno e noturno do planeta.

Como as observações do eclipse sondam o lado diurno mais quente, as moléculas observadas poderiam ser arrastadas por processos dinâmicos desde as regiões mais frias, como o lado noturno ou desde as profundidades do interior do planeta.

“Estas observações sugerem que as atmosferas destes mundos extremos estão a ser regidas por processos complexos que ainda não são bem compreendidos”, observam os cientistas.

Além disso, escreve o ABC, o Kelt-9 b tem uma órbita inclinada de cerca de 80 graus, o que sugere um passado violento, com possíveis colisões, o que, na verdade, também se observa em muitos outros planetas desta classe.

“O mais provável é que este planeta se tenha formado longe da sua estrela-mãe e que as colisões tenham ocorrido enquanto migrava para dentro, em direção à estrela”, dizem os investigadores.

Isto apoia a teoria de que os grandes planetas tendem a formar-se longe da sua estrela hospedeira em discos proto-estelares e capturam materiais gasosos e sólidos à medida que migram em direção à sua estrela.

ZAP //

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