Imagens do tiroteio na escola primária em Uvalde, nos Estados Unidos, mostram agentes a enviar mensagens e a higienizar as mãos antes de agir.
O jornal Austin American Statesman divulgou um vídeo com 1 hora e 22 minutos do tiroteio na escola primária de Uvalde, nos Estados Unidos, em maio.
O vídeo agora divulgado mostra imagens da polícia a responder ao tiroteio. Os agentes são vistos a enviar mensagens e higienizar as mãos, entre outras coisas, enquanto o atirador matava 19 crianças e dois professores.
As autoridades demoraram bem mais de uma hora a entrar em ação, apesar de terem chegado à escola poucos minutos depois do adolescente responsável pelas mortes.
Até agora, as autoridades locais tinham-se mostrado relutantes em divulgar imagens do incidente. As principais razões eram o facto de as filmagens poderem permitir que outros atiradores em massa aprendessem com elas e o trauma que poderia causar aos pais.
De acordo com a VICE, as críticas contra a resposta da polícia têm-se intensificado. O diretor do Departamento de Segurança Pública, Steven McCraw, descreveu-a como um “fracasso abjeto”.
Depois de o atirador entrar na escola e começar aos tiros, as autoridades de Uvalde chegaram ao local três minutos depois. A resposta foi rápida, visto que pouco antes, o jovem já tinha disparado contra uns pedestres nas imediações da escola, o que levou uma professora a ligar para a polícia.
As imagens mostram três agentes armados a correr em direção às salas de aula, onde estava o atirador. Outros quatro agentes, igualmente armados, são vistos mais atrás no corredor. No entanto, todos os elementos das autoridades recuariam pouco depois, face aos disparos do atirador.
Ao longo de mais de 77 minutos, os agentes que empunhavam armas automáticas, escudos balísticos, coletes, capacetes, gás lacrimogéneo e máscaras foram vistos a fazer várias coisas, “nenhuma das quais incluía resgatar as crianças”, detalha a VICE.
Imagens fora da escola mostram um agente ao telefone, outro aparentemente a enviar mensagens e outro parado, às 12h14, quase 40 minutos depois de a polícia ter chegado à escola.
Poucos minutos depois, um agente é abraçado por um colega que depois é visto a desinfetar as mãos num dispensador de álcool gel da escola.
Após 77 minutos de espera, a polícia invade as salas de aula e mata finalmente o atirador. Um dos agentes que esteve escondido atrás da esquina a maior parte do tempo é visto nas imagens a abraçar um colega.
Pais furiosos
Em resposta à divulgação do vídeo, Felicia Martinez, cujo filho foi morto no tiroteio, disse à CNN que estava “muito irritada” porque as famílias das vítimas não viram as imagens em primeira mão. “Para a pessoa que divulgou [o vídeo], vá-se lixar”, disse Martinez, em lágrimas.
“Nós somos os pais que perderam os nossos filhos. Devemos fazer isso juntos primeiro, não para o mundo… Eu sei que o mundo também está a sofrer, mas estes eram os nossos bebés”, atirou.
Felicia Martinez não foi a única revoltada com a divulgação pública das imagens. Angel Garza, o padrasto de uma aluna morta no tiroteio, também lançou críticas.
“Quem você pensa que é para divulgar imagens como as dos nossos filhos?”, disse o padrasto de Amerie Jo Garza. “Você quer avançar e transmitir os seus momentos finais para o mundo inteiro. O que lhe faz pensar que não tem problema?”.
Polícia de alta qualidade… altamente equipados mas pareciam crianças assutadas!…