Frelimo vence, Chapo presidente, novo líder da oposição — e ruas a arder em Moçambique

PAULO JULIAO/EPA

Pessoas junto a uma barricada em chamas durante um protesto em Maputo, depois de o Conselho Constitucional ter proclamado Daniel Chapo como vencedor das eleições presidenciais.

Comissão de Eleições reconheceu irregularidades no processo eleitoral, mas diz que estas “não influenciaram” o resultado final. Renamo destronada da liderança da oposição. Vem aí um “cenário de caos” em Moçambique?

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder há meio século, venceu as eleições de 9 de outubro com maioria absoluta, garantindo 171 deputados. O estreante Podemos elegeu 43 depotados, destronando a Renamo na liderança da oposição, de acordo com os resultados proclamados pela presidente do Conselho Constitucional (CC).

A Frelimo mantém-se com uma maioria parlamentar, com menos 24 deputados do que foi anteriormente anunciado em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

O Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), até agora extraparlamentar e que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, ficou em segundo lugar ganhando estatuto de principal partido da oposição, com 43 deputados, 12 a mais em relação aos anteriormente divulgados pela CNE.

De acordo com os resultados proclamados pelo CC, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) perdeu o estatuto de maior partido da oposição, com 28 deputados eleitos, oito a mais em relação aos dados antes anunciados pela CNE.

Por seu turno, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) mantém a representação parlamentar, com oito deputados, quatro a mais em relação aos dados divulgados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições.

Chapo presidente (apesar das irregularidades)

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi.

“Proclama eleito Presidente da República de Moçambique o cidadão Daniel Francisco Chapo”, anunciou a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, ao fim de uma hora e meia de leitura do acórdão de proclamação, em que reconheceu irregularidades no processo eleitoral, mas que “não influenciaram” o resultado final.

De acordo com os resultados, Venâncio Mondlane registou 24,19% dos votos, Ossufo Momade 6,62% e Lutero Simango 4,02%.

A proclamação destes resultados confirma a vitória do jurista de 47 anos, anunciada em 24 de outubro pela CNE, mas na altura com 70,67%.

O novo presidente apelou esta segunda-feira em Maputo ao diálogo que salientou ser “a chave para superar” as diferenças.

“Chegou a hora de pensarmos com calma e serenidade sobre a melhor forma de criar uma realidade democrática que representa a riqueza, a diversidade do país. Esse diálogo é chave para superar as nossas diferenças”, afirmou.

Maputo em chamas

Tal como em outubro, o novo anúncio da CNE levou manifestantes, apoiantes de Venâncio Mondlane, a contestar na rua, com pneus em chamas, depois de praticamente dois meses de violentas manifestações e paralisações, convocadas por Mondlane, que não os reconhecia, provocando pelo menos 130 mortos em confrontos com a polícia.

Venâncio Mondlane tinha ficado em segundo lugar, com 20,32%, segundo o anúncio anterior da CNE. Seguiu-se Ossufo Momade, presidente da Renamo, até agora maior partido da oposição, com 403.591 votos (5,81%), seguido de Lutero Simango, presidente do MDM, com 223.066 votos (3,21%).

Mondlane, principal rival de Chapo, alertou que uma confirmação da vitória da Frelimo poderia levar o país a um cenário de “caos”.

As eleições gerais de 9 de outubro incluíram as sétimas presidenciais — às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos — em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

ZAP // Lusa

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