O livre-arbítrio não passa de uma ilusão? Apoiados por sinais do cérebro e dos pulmões, uma equipa de cientistas descobriu que o potencial de prontidão está associado à respiração e que os atos de livre-arbítrio acontecem quando expiramos.
Os cientistas já tentaram várias vezes desmistificar a abordagem clássica do livre-arbítrio e tentar perceber como funciona no cérebro, mas nunca conseguiram. Tomamos decisões diferentes quando estamos com fome ou com frio? Será que o processamento de sinais corporais internos pelo cérebro interfere com a nossa capacidade de agir livremente?
Questões como estas têm estado no centro das pesquisas científicas que questionam a nossa capacidade de agir com base no livre-arbítrio, uma vez que o paradigma da ciência moderna assume que o ser humano é uma máquina sofisticada e inteiramente mecanicista.
É certo que os sinais internos do corpo, nomeadamente os batimentos cardíacos, afetam os nossos estados mentais. No entanto, com este novo estudo, os cientistas quiseram demonstrar que é mais provável iniciarmos uma decisão voluntária quando expiramos do que quando inspiramos.
Assim, é possível concluir que o livre-arbítrio não é assim tão livre, já que pode ser influenciado por um movimento interno do corpo: a respiração.
Citado pelo Science Daily, Olaf Blanke, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, explicou que a equipa demonstrou que a “ação voluntária está ligada ao estado interno do corpo, especialmente com a respiração, mas não com outros sinais corporais, como os batimentos cardíacos”.
No centro destes resultados está o potencial de prontidão, um sinal da atividade cerebral observado no córtex humano que aparece não apenas antes do movimento voluntário dos músculos, mas também antes que alguém se consciencialize da intenção de se mover. No fundo, o potencial de prontidão é a assinatura da ação voluntária.
Este estudo concluiu que a origem do potencial de prontidão está ligada à respiração, fornecendo assim uma nova perspetiva que sugere que o ciclo regular da respiração faz parte do mecanismo que leva à tomada de decisão consciente e a atos de livre-arbítrio.
Estes resultados e interpretações sugerem que o padrão respiratório pode ser usado para prever “quando” as pessoas iniciam ações voluntárias – mas não “se” nem “como”.