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Um novo relógio pode salvar milhares de vidas em 5 minutos

Cientistas desenvolveram um dispositivo usado no pulso que pode revolucionar o tratamento de ataques cardíacos ao acelerar o diagnóstico — sem a necessidade de recolher sangue, um dos métodos atuais.

Em 2011, a taxa de mortalidade por enfarte do miocárdio em Portugal foi de 24,2 casos por 100 mil habitantes, com 4.366 mortes. São milhares de pessoas que também visitam as urgências hospitalares devido a dores no peito.

Esses pacientes normalmente apresentam sintomas variados, problemas de saúde complexos relacionados e costumam tomar vários medicamentos. Analisá-los é uma tarefa difícil.

Isso geralmente inclui rever o historial médico, fazer um rastreamento cardíaco da atividade elétrica do coração (o eletrocardiograma) e fazer uma radiografia do tórax.

O eletrocardiograma, ou ECG, pode mostrar alterações no ritmo cardíaco associadas a um ataque cardíaco em cerca de 50% dos pacientes. O restante não apresenta ritmo alterado e necessita de investigações mais aprofundadas, o que inclui exames de sangue importantes.

Um dos testes é para uma proteína encontrada nas células do coração chamada troponina. Esta proteína desempenha um papel fundamental em fazer com que as células musculares do coração se contraiam e relaxem.

Quando as células ficam sem oxigénio devido a um bloqueio nas artérias que fornecem sangue ao coração, as células começam a morrer e libertam troponina no sangue.

A troponina pode ser medida num laboratório hospitalar a partir de uma amostra retirada de um paciente — normalmente de uma veia na dobra do cotovelo ou de um cateter nas costas da mão. Este teste é repetido duas ou três horas após o paciente ser admitido no hospital.

Uma alteração na quantidade de troponina no sangue pode indicar um ataque cardíaco. Isso é especialmente útil para os pacientes que não apresentam alterações no ECG.

Pacientes com diagnóstico de ataque cardíaco precisam de tratamento urgente, normalmente por cirurgia, onde um cateter é inserido na artéria bloqueada no coração e um balão é inflado para abrir o bloqueio. Este procedimento é chamado de angioplastia.

Em muitos casos, um dispositivo chamado stent é inserido junto com o balão. Quando o balão é esvaziado, o stent fica no lugar para manter a artéria aberta.

Mas este exame de sangue de troponina requer que alguém tire sangue. É comum que as pessoas tenham medo de agulhas. Além disso, a ansiedade e o stresse podem piorar as dores no peito.

Sem necessidade de teste de sangue

O novo dispositivo usado no pulso pode medir a troponina sem recolher uma amostra de sangue.

Este dispositivo é usado no pulso como um smartwatch. Ele usa luz infravermelha através das camadas da pele para detetar a troponina no sistema sanguíneo.

Um estudo recente, publicado no European Heart Journal – Digital Health, mostrou que este dispositivo consegue detetar 90% dos ataques cardíacos em cinco minutos.

“Com esse nível de precisão, se você usar este dispositivo e o resultado for positivo, você tem quase a certeza de que esse paciente pode ser internado para testes de diagnóstico, tratamento e intervenção rápidos”, afirma o autor principal do estudo, Partho P. Sengupta.

Se estudos maiores confirmarem essas descobertas iniciais, este dispositivo revolucionário para deteção de troponina pode ser útil para detetar ataques cardíacos em clínicas de atendimento ou em serviços de emergência que atendem pacientes com dores no peito.

Isto também significa que os pacientes não precisariam de esperar que as amostras de sangue fossem enviadas para o laboratório, analisadas e devolvidas ao hospital.

Este novo dispositivo usado no pulso pode acelerar o diagnóstico e o tratamento de pacientes com dores no peito. A tecnologia também poderia ser usada para outros testes para detetar coágulos sanguíneos, gravidez ectópica ou sépsis. E pode ser a salvação para quem tem fobia grave de agulhas.

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