Os irmãos afectam mais do que se julga

Um bom relacionamento com um irmão ou uma irmã pode tornar a pessoa mais feliz. São uma espécie de ensaio para outros relacionamentos na vida.

“Quando eu era jovem, não me dava bem com a minha irmã mais velha. Embora eu olhasse para ela e ansiasse pela sua atenção, parecia que ela nem me queria por perto, especialmente quando estava entre amigos. Hoje até é estranho pensar nisso”.

Assim começa o relato de Jill Suttie, na revista Greater Good Magazine, que hoje tem uma relação muito próxima com a mesma irmã. E ela agradece por isso: os pais morreram há muito tempo.

Este começo serve para reforçar a importância de uma boa relação entre irmãos, num país (Estados Unidos da América) onde cerca de 80% dos habitantes têm pelo menos um irmão.

A relação com o irmão, se pensarmos bem, pode ser a relação mais longa de sempre que uma pessoa tem. Maior do que com os pais – que, na teoria, morrem muitos anos antes – e maior do que com os filhos – que, na teoria, morrem muito depois de pais e tios. E maior do que marido ou esposa, que até pode “desaparecer” poucos anos depois do início da relação.

Os especialistas, os psicólogos andam atentos: a relação entre irmãos afecta muito as pessoas em causa. Mais do que se pensa.

Susan McHale, da Universidade Penn State, resume: “Ao longo da vida, as pessoas que têm relacionamentos próximos entre irmãos têm melhor saúde mental, melhor saúde psicológica e melhores relações sociais, em geral”.

No outro lado, há as relações más, conflituosas. Ou inexistentes. E essas podem aumentar o risco de ansiedade, depressão ou de criação de uma pessoa anti-social, ainda na adolescência.

Um irmão ou uma irmã acaba por ser, em muitos casos, uma espécie de ensaio para as relações com as pessoas, no geral. Aprendemos, questionamos, melhoramos.

Os pais também podem condicionar o crescimento de um dos irmãos. Sobretudo quando dão maior atenção ao outro. Ou, se tratam um deles de forma injusta, a criança percebe – e isso vai ter consequências na formação da pessoa.

Em relação aos sexos, habitualmente os pares mais distantes são os formados por dois homens. Se houver, pelo menos uma mulher entre um casal de irmãos, normalmente a relação é mais próxima.

Quando crescem, há uma tendência curiosa. Mas que nem surpreende: os irmãos deixam de viver juntos e a relação deixa de ser com tantos conflitos (no caso de ligações conflituosas) e passa a ser mais tranquila, até mais chegada e calorosa.

Com o passar dos anos, há outro factor óbvio: um irmão, se se mantiver por perto, conhece a pessoa em causa melhor do que ninguém. Conhece as rotinas actuais, a vida actual, mas também está por dentro do passado, do contexto, da pessoa.

E, voltando a pegar em palavras de Susan McHale, fica um conselho: “Esqueçam aquela ideia de que brigas entre irmãos, quando são mais novos, são naturais. Não são naturais”.

“Não é suposto estar tudo direitinho mas os pais também não devem esperar que os irmãos briguem muito. E isso não está, na verdade, a preparar as crianças para começar um relacionamento com alguém que será realmente importante na sua vida”, completou a investigadora.

Irmãos não precisam de ser os melhores amigos um do outro para sempre. Mas, em momentos de aflição, é bom gostarem um do outro.

ZAP //

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