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Reino Unido aprova transplante de fezes para tratar infeções resistentes a antibióticos

Os transplantes de microbiota fecal (TMF) alcançaram um marco importante com a publicação de uma nova diretriz britânica, que reconhece a sua eficácia no tratamento de algumas infeções intestinais persistentes.

O National Institute for Health and Care Excellence publicou esta semana uma recomendação, indicando que o tratamento deve ser utilizado para tratar infeções recorrentes de Clostridium difficile – a causa mais comum de colite associada a antibióticos, avançou o Conversation.

A Clostridium difficile é uma bactéria que causa diarreia debilitante, geralmente tratada com antibióticos de largo espetro. Mas estes podem tornar-se menos eficazes a cada ataque.

Para realizar um TMF, primeiramente é encontrado um dador saudável. As suas fezes são congeladas a – 80° centígrados e podem ser armazenadas por um período até seis meses. Depois são transplantadas para o intestino do paciente. O transplante restaura a função da microbiota intestinal.

Este tratamento permite o transplante de bactérias cruciais para manter a saúde intestinal e pode atuar numa série de perturbações, desde o cancro até à demência.

Os primeiros relatos deste tratamento aparecem em textos de medicina tradicional chinesa do século IV e eram prescritos para tratar a diarreia. O primeiro transplante na era moderna ocorreu em 1958, quando Ben Eiseman, médico do exército norte-americano, tratou com sucesso soldados com diarreia.

Os transplantes fecais continuaram durante o século XX. No Reino Unido, através dos estudos de Peter Hawkey, professor de bacteriologia clínica e de saúde pública na Universidade de Birmingham, esse tratamento começou a ser usado para tratar infeções causadas pela Clostridium difficile.

Ao chegar à Universidade de Birmingham, em 2001, Hawkey criou uma unidade para tratar pacientes em hospitais regionais. Pouco depois, uma epidemia de infeções causadas pela Clostridium difficile atingiu os britânicos. Apesar da necessidade de um tratamento eficaz, os primeiros transplantes só foram feitos em 2013.

Nesse mesmo ano, foi publicado um artigo de investigação que demonstrava a eficácia do TMF. Em 2016, a Agência Reguladora dos Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido concedeu à Universidade de Birmingham uma licença para iniciar o tratamento em todo o país.

Ao longo dos últimos seis anos, a equipa tratou centenas de pacientes no Reino Unido. Além de trazer alívio a pacientes com problemas intestinais crónicos, tem utilizado o TMF em ensaios clínicos, nomeadamente para tratar a colite ulcerosa.

ZAP //

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